Vive-se hoje muito
melhor que antigamente, existe mais conforto, maior conhecimento. Temos mais
compromissos, porém menos tempo. Gastamos mais, embora desfrutamos menos. Temos
casas maiores, mas famílias menores. Temos mais remédios, entretanto menos saúde.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores humanos. Conquistamos o
espaço exterior, mas o interior, às vezes, esquecido. Temos dinheiro, porém
menos moral. Fala-se muito da necessidade de restabelecer valores humanos,
valores éticos, entretanto, sem ser pessimista, parece que nada caminha neste
sentido. Seria isto uma radiografia ou um panorama com objetividade do mundo em
que vivemos? Se não for, ao menos pode dar uma ideia ou noção, ainda que
relativa, da realidade atual.
Tem-se
ouvido tantos relatos pessimistas e negativos que mostram e apontam a família
em declínio, como tantas outras instituições em crise na pós-modernidade.
Muitas notícias dos conflitos entre pais e filhos e vice-versa. Não se pode
ignorar que isto seja uma realidade e nem desconhecer que tais conflitos sempre
existiram, antes com menor, mas hoje com maior incidência. Derrotismo e
pessimismo nestes momentos são perniciosos e não podem fazer parte do dia a
dia, mesmo que seja real, até porque o ser humano deve acreditar na própria
capacidade de superação.
Falando-se
de família e casamento, torna-se difícil discernir ou saber qual deles tem
levado o outro ao fracasso ou declínio. Se a família em crise levou o casamento
ao declínio ou se este tornou a família susceptível de crise, não se pode
concluir a qual deles pertence a paternidade da culpabilidade. Obviamente,
chorar leite derramado não produz nenhum efeito ou suporte para superação de
crises ou conflitos. Mais obviamente, Deus, na sua incomensurável sabedoria,
instituiu o casamento no início da criação e o dotou com leis próprias para o
bem e a felicidade dos homens e mulheres de todos os tempos e lugares. E o
casamento seguiu seu curso trazendo o estabelecimento da família como célula
mãe da sociedade.
Por
certo, ambas as instituições, a família e o casamento, terão sua parcela de
responsabilidade, para não falar de culpa, pelo fracasso, pela crise ou pelo
conflito que gerou e continua gerando as crises, algumas delas sem solução. Não
admitir isso, seria fazer-se de cego na mente e surdo no espírito, para não ver
e nem ouvir a realidade que nos cerca.
A
educação, que no passado era dada com arte, continua sendo feita também com
muita arte. Porém, no momento, exsurge a necessidade de se descobrir ou
redescobrir algum valor esquecido. Qual ou quais? Trata-se de restabelecer
valores humanos perdidos ou esquecidos do passado. Um deles: a conversa ou o
diálogo com os filhos.
Dias atrás, numa oportunidade feliz daquelas que a
vida e a convivência proporciona, indagou-se para os pais reunidos se
conversavam com os filhos. Para surpresa, constatou-se que não. Dão ordens e
determinações, querem que cumpram e observem tudo, mas não os escutam quando
precisam falar com os pais. Não lhes dão oportunidade de também falarem. E os
filhos, neste particular, têm e estão cobertos de razão quando desejam
argumentar com os seus pais. Os filhos têm necessidade disso desde pequenos,
mesmo quando ainda não sabem falar. Importante que os filhos falem aos seus
pais das suas dúvidas, das dificuldades, do que pensam, do que fazem. Se não
são ouvidos, estarão vivendo na escuridão das incertezas e das dúvidas que
somente eles têm. Possivelmente, se se estabelecer com os filhos desde pequenos
este sistema ou clima de diálogo franco e aberto, restabelecer-se-á a confiança
muitas vezes perdida e, quem sabe, educar-se-á com mais apurada arte. Eis,
pois!
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