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sexta-feira, 19 de junho de 2015

EDUCAR COM ARTE



            Vive-se hoje muito melhor que antigamente, existe mais conforto, maior conhecimento. Temos mais compromissos, porém menos tempo. Gastamos mais, embora desfrutamos menos. Temos casas maiores, mas famílias menores. Temos mais remédios, entretanto menos saúde. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores humanos. Conquistamos o espaço exterior, mas o interior, às vezes, esquecido. Temos dinheiro, porém menos moral. Fala-se muito da necessidade de restabelecer valores humanos, valores éticos, entretanto, sem ser pessimista, parece que nada caminha neste sentido. Seria isto uma radiografia ou um panorama com objetividade do mundo em que vivemos? Se não for, ao menos pode dar uma ideia ou noção, ainda que relativa, da realidade atual.
            Tem-se ouvido tantos relatos pessimistas e negativos que mostram e apontam a família em declínio, como tantas outras instituições em crise na pós-modernidade. Muitas notícias dos conflitos entre pais e filhos e vice-versa. Não se pode ignorar que isto seja uma realidade e nem desconhecer que tais conflitos sempre existiram, antes com menor, mas hoje com maior incidência. Derrotismo e pessimismo nestes momentos são perniciosos e não podem fazer parte do dia a dia, mesmo que seja real, até porque o ser humano deve acreditar na própria capacidade de superação.
            Falando-se de família e casamento, torna-se difícil discernir ou saber qual deles tem levado o outro ao fracasso ou declínio. Se a família em crise levou o casamento ao declínio ou se este tornou a família susceptível de crise, não se pode concluir a qual deles pertence a paternidade da culpabilidade. Obviamente, chorar leite derramado não produz nenhum efeito ou suporte para superação de crises ou conflitos. Mais obviamente, Deus, na sua incomensurável sabedoria, instituiu o casamento no início da criação e o dotou com leis próprias para o bem e a felicidade dos homens e mulheres de todos os tempos e lugares. E o casamento seguiu seu curso trazendo o estabelecimento da família como célula mãe da sociedade.
            Por certo, ambas as instituições, a família e o casamento, terão sua parcela de responsabilidade, para não falar de culpa, pelo fracasso, pela crise ou pelo conflito que gerou e continua gerando as crises, algumas delas sem solução. Não admitir isso, seria fazer-se de cego na mente e surdo no espírito, para não ver e nem ouvir a realidade que nos cerca.
            A educação, que no passado era dada com arte, continua sendo feita também com muita arte. Porém, no momento, exsurge a necessidade de se descobrir ou redescobrir algum valor esquecido. Qual ou quais? Trata-se de restabelecer valores humanos perdidos ou esquecidos do passado. Um deles: a conversa ou o diálogo com os filhos.
Dias atrás, numa oportunidade feliz daquelas que a vida e a convivência proporciona, indagou-se para os pais reunidos se conversavam com os filhos. Para surpresa, constatou-se que não. Dão ordens e determinações, querem que cumpram e observem tudo, mas não os escutam quando precisam falar com os pais. Não lhes dão oportunidade de também falarem. E os filhos, neste particular, têm e estão cobertos de razão quando desejam argumentar com os seus pais. Os filhos têm necessidade disso desde pequenos, mesmo quando ainda não sabem falar. Importante que os filhos falem aos seus pais das suas dúvidas, das dificuldades, do que pensam, do que fazem. Se não são ouvidos, estarão vivendo na escuridão das incertezas e das dúvidas que somente eles têm. Possivelmente, se se estabelecer com os filhos desde pequenos este sistema ou clima de diálogo franco e aberto, restabelecer-se-á a confiança muitas vezes perdida e, quem sabe, educar-se-á com mais apurada arte. Eis, pois!




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