Conhecimento ou percepção do que se passa consigo, ou faculdade que tem a razão de julgar os próprios atos, ou voz secreta da alma que aprova ou desaprova os próprios atos: isto é a consciência. Quanto que o respeito é acatamento, deferência, veneração para com as realidades, as coisas, as pessoas. Dito assim, descobre-se que o respeito só terá lugar diante de uma consciência formada para tanto.
Inegavelmente, o Senhor Deus, Criador de tudo e de todas as coisas, dotou o ser humano de uma importante entidade, parte essencial dele, a consciência, ao infundir nele inteligência e vontade. E a consciência está, portanto, entre a vontade e a inteligência. A vontade nata no ser humano é o querer para ação, educável e disciplinável; e a inteligência sujeita à evolução, à progressão, ao crescimento.
Escritos sobre o conhecimento falam da importância deste quando necessário para uma boa inter-relação no casamento. O respeito, junto com o conhecimento, é parte integrante do verdadeiro sentimento de amor que une homem e mulher no matrimônio. Mas o respeito depende da consciência que leva em conta todos os valores do mundo, das realidades terrenas e das pessoas. A consciência possibilita ao ser humano a distinção entre os diversos valores da vida e de todo o mundo criado.
Os seres humanos têm uma infinita distinção em relação aos outros seres criados devido à consciência que os torna infinitamente superiores. É a consciência que governa a vontade para os atos humanos, para a ação no cotidiano. E, no casamento, a consciência aparece como a primeira entidade, o fundamental valor, guia do comportamento e da postura que cada um deve adotar em relação ao outro, na inter-relação de amor, para formar com o outro cônjuge uma só carne, um só ser, tal como Deus instituiu desde a origem e que deve perdurar até o fim da vida.
Sendo a consciência esta entidade, valor sublime e inviolável, requer que seja formada e disciplinada desde o nascimento, para ser aquela que governa os atos humanos, não deixando que a vontade seja incontrolável e dominadora, deselegante e irracional.
A consciência nunca termina de ser disciplinada, educada. Requer constante e sempre permanente atenção para exercer seu papel de rainha das mentes, reta, sempre delicada, correta e incontaminável pelos desvios a que está sujeita a natureza. Ressalta-se, portanto, a essencial função da educação que, sem ferir a liberdade da consciência, procura e faz com que a mesma consciência seja uma resposta adequada para cada momento, para cada situação. Neste sentido, inegavelmente, a consciência exerce o primado na vida humana. Soberana, ela tem a capacidade de restaurar no ser humano a nobreza e grandeza de ser o primeiro entre os demais seres criados.
Uma vida perde seu destino quando deixa de agir segundo a consciência. E aí, já não mais existirá a totalidade da racionalidade, mas sim o menosprezo pelo que o ser humano tem de mais sagrado, a consciência.
Seres conscientes, desde a mais antiga era da humanidade, souberam pautar suas vidas no bem e no belo, nas coisas boas da vida, porque nunca perderam ou deixaram que sobre a consciência fosse sobreposto o antevalor ou contra-valor do desrespeito à dignidade humana. Quando assim aconteceu, a mesma humanidade foi mergulhada em sangue, dor e inútil sofrimento.
O respeito será sempre um reflexo daquilo que cada um tem na consciência e no casamento, terá ou deverá ter lugar privilegiado no comportamento e na conduta de cada um. Atenciosamente, a vida do amor de cada cônjuge, cada um que se casa, terá sempre sabor de felicidade, quando o respeito for a mola mestra da convivência, porque será sempre um reflexo do que está dentro da consciência. Magnífico exemplo, nesse sentido, foi Jesus que nunca perdeu a consciência de sua nobre e profunda missão e, mais que impor, fez sempre um apelo à ação pela consciência. E respeito é questão de consciência. Eis, pois!