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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

SONHO OU PROJETO COLETIVO?



            Teria Javé, o Deus criador, sonhado um sonho, projeto coletivo, ao instituir o casamento, no início da criação?
            As obras escritas sobre Economia e negócios, e muito mais a filosofia que predomina na mente dos teóricos das Ciências das Finanças e negócios, na indústria ou no comércio internacional, apontam hoje para projetos coletivos. E provam suas teses com objetos bastante concretos, ou seja, as grandes empresas de hoje, são fruto de um sonho, projeto coletivo no passado. E sem querer apontar qualquer que seja a empresa ou empreendimento atual bem-sucedido, basta observar propagandas de algumas ou alguns, para se chegar à mesma conclusão. Alguém no passado sonhou coletivamente e assim projetou. Empreender coletivamente.
            Bem pensado, ver-se-á que o casamento, tal como Deus o instituiu, em concordância com a natureza humana, pois não iria Ele projetar algo fora da capacidade e entendimento humanos, nada mais é que um sonho de projeto coletivo. Tanto é verdade que, a própria Escritura Sagrada diz: “Não é bom que o homem esteja só; façamos-lhe uma companheira semelhante a ele” (v). Sabiamente, Javé, o Deus Criador, constituiu seu sonho num projeto coletivo real e a partir daí, deixou ao casal, todas as condições necessárias para realização do projeto. Trata-se de um projeto coletivo no qual todos pensam, elaboram e laboram no mesmo sentido, fazendo com que o empreendimento caminhe e realize o sonho de prosperidade e realização.
            Dando um salto no tempo, das origens para o ano zero, o sonho do projeto coletivo em Jesus Cristo é ampliado e aperfeiçoado. As inúmeras tentativas de Javé no sentido da realização do sonho projeto coletivo surtiram efeito, quando se encarnou e elevou a humanidade à inigualável dignidade, a divinização do ser humano, mostrando-lhe a riqueza e beleza de um sonho, projeto coletivo, inspirado no próprio Deus, Uno e Trino, Deus comunidade de três pessoas, família divina, indissociavelmente, ou seja, três absolutamente unidas, sem deixar de ser cada uma.
            Um sonho, cujo projeto coletivo, deve-se descartar absolutamente o único empecilho: o egoísmo. Este se apresenta como diametralmente oposto, ao sonho e ao projeto coletivo. Aquele, por outro lado, oferece a possibilidade da realização de um empreendimento feliz, se aberto, totalmente aberto e inspirado no coletivo do sonho. Aliás, todo sonho de projeto coletivo está totalmente aberto para o congraçamento e fusão dos valores e qualidades, na riqueza das diferenças apresentadas por duas pessoas que se casam, pensando na realização do empreendimento família. Vê-se que aqui não há mesmo lugar para o egoísmo que impede a realização de grandes metas e do sonho de um projeto coletivo. A distinção de Cristo está em afastar a tentação do egoísmo e incluir-se totalmente no projeto coletivo, cujo modelo é Ele mesmo, realizando o sonho de Deus. Eis, pois!
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(v) Gênesis 2,18.


Nesta oportunidade, desejo a todos os que visitam meu Blog, um Natal de viva esperança de dias sempre melhores e um Bom Ano Novo. 2016 vai chegar e, certamente, lhe trará muitas alegrias que o preparará para algumas tristezas, por certo, naturais na vida e no caminho da humana vida. Abraços amigos e, em lugar de dedo apontado,  minhas mãos estendidas para acolher com carinho os que aqui visitarem. Cordialmente.

NOBREZA DAS NOBREZAS.




            A lembrança da solenidade do Natal de Jesus durante todo o ano e nas proximidades da data sempre nos encanta, ora pelo seu imenso significado, ora pela força que tem para renovar a esperança, como nobreza maior que todas as outras, a vinda de Deus, seu estabelecimento na terra, é realização da esperança de todos.
            O Mistério da encarnação do Verbo de Deus, ao se fazer humano como cada um dos humanos, rico na sua expressão, é compreensível na sua realização. Se pensarmos que no aparecimento de Marcianos, de Ets ou qualquer extraterrestre, ou mesmo, na mitologia brasileira da sombração, tudo nos desperta admiração, e, às vezes, até susto, quando não o medo. A vinda do Filho de Deus teria despertado muito mais que admiração, susto ou medo, por certo, espanto e temor causaria se chegasse seu um plano divino. Mas, surpreendentemente, a Sabedoria divina de fina psicologia, fez cumprir a inestimável promessa da salvação, tornando-a realidade, de forma profundamente humana. O Verbo de Deus se encarna divinamente, mas se faz presente humanamente: Deus quis nascer numa família, tendo pai e mãe, viver e residir num teto, sofrer as mesmas limitações a que estão sujeitos os humanos, tais como fome, sede, frio, calor, espaço e tempo.
            A história do casamento de José e Maria, duas criaturas profundamente amadas por Deus, mas também profundamente amorosas para com Ele, já conhecemos e certamente, nos causa admiração e respeito. De duas criaturas profundamente humanas Deus faz empréstimo para delas fazer nascer o Criador quem as criara. Maria empresta seu seio, sua carne, seu sangue, seu ser, sua existência. José oferece proteção, guarda e segurança. Dão de si tudo, para terem o Criador, para recriar a humanidade, restabelecer a nobreza que somente a nobreza das nobrezas podia realizar.
            José e Maria, dois corações e duas almas dispostas à renuncia e ao sacrifício necessário e valioso, numa íntima comunhão de vida e amor, disposta para abrigar um Filho, nobre esperado, cuja nobreza desestrutura toda e qualquer outra nobreza, porque diferente nobreza da já conhecida ou vivida até então. Simplicidade, singeleza e coração generoso, tanto dos pais, como do Filho. Nobreza para descomplicar, confundir nobreza orgulhosa de si, oferecer novos padrões e novos ideais, fundados no amor, na justiça e na paz. Um Príncipe nascido e destinado a restabelecer valores que a própria humanidade perdera, um amor ponto de partida e, ao mesmo tempo, de chegada e que produz comunhão. Os anjos assim cantaram em Belém: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados”. E Maria e José as primeiras testemunhas da manifestação da nobreza das nobrezas: um nobre diferente, Jesus, a salvação, símbolo e expressão de paz, tarefa de todo e verdadeiro nobre. Eis, pois!

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

OLHAR NOS OLHOS



            Um antigo ditado popular dizia: “Onde estiver os olhos, aí estará o amor”. Poetas, escritores, cancioneiros e repentistas, em muitas de suas composições falam dos olhos como instrumento mágico, aquele capaz de propiciar inspiração, como de fato produz significativa e expressiva inspiração para falar de amor, explicar, ler e interpretar o amor.
            Se os olhos são tema de inspiração de canções de amor, com muito mais razão, eles são, não tema de inspiração, mas produtores de uma realidade chamada amor, por de trás do grande mistério que ronda o coração humano. Na realidade, o verdadeiro amor nasce do olhar nos olhos, até mesmo para quem tem deficiência visual no grau mais acentuado.
            Javé, o Deus Criador de tudo que existe sob o céu, dotou o ser humano de inigualável condição, vontade e inteligência, e com estas duas entidades, pôs o ser humano na condição de poder ver, enxergar vinculadamente àquelas, tudo que existe visível ao olho humano, mas também com a capacidade de ver com o coração.
            Ver com o coração! Sim. Só pode ver com o coração olhando nos olhos. Aí nasce e se cria um verdadeiro amor. Somente olhando nos olhos é que será possível ver, ler e interpretar com o coração.
            Jesus, em muitas oportunidades recuperou a vista aos cegos e isto nós temos notícias através dos Evangelhos, palavra de salvação. Mas, com isso, queria indicar que todos devem ver além da realidade material, isto é, ver o essencial, invisível aos olhos e ao coração visível. Enxergar uma realidade espiritual que vai além da realidade evidente e vista tal como se apresenta na realidade palpável.
            Não quer dizer amor à primeira vista, pode até sê-lo algumas vezes e para algumas pessoas, mas sim amor nascido do olhar nos olhos, do olhar dentro dos olhos, enxergando o coração. O casamento aceita esta peculiaridade, a requer e o verdadeiro, construído no verdadeiro amor, se inicia nela.
            O verdadeiro amor manifesta-se como elemento espiritual, psicológico e deve ser renovado, dia a dia, com o olhar nos olhos do ser amado, porque, este olhar evoca reminiscências estimuladoras e motivadoras daquele amor nascido e criado com o olhar dentro dos olhos.
            Os olhos são órgãos duplamente abençoados por Deus. Permitem ao ser humano, continuamente, poder ver nos olhos aquilo que está no coração. No casamento, o amor pode ser cada dia recriado e renovado, se os esposados continuarem olhando nos olhos, também cada dia, momentos que serão transformadores e arrebatadores, mantenedores da mais perfeita e profunda forma de amor, o amor que os levou ao casamento e assim os uniu. Eis, pois!


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

AMOR OU FANTASMAS?



            O célebre pensador e escritor Jankélévitch (0) suas meditações sobre o amor, certa feita assim se exprimiu: “Para amar é preciso ser, mas para ser é preciso, antes de tudo amar: pois quem não ama é um simples fantasma”.
            Diria que as ligações entre as pessoas se tornam pobres e empobrecidas quando as convenções e a superficialidade dos contatos estabelecem relações impessoais e impedem o autêntico encontro amoroso.
            Até parece ideia fixa falar amiúde de amor. Mas, como dele não falar, do fio condutor de toda a relação do casamento? Neste sentido, amor, obviamente, será fonte e matéria de constante debate, reflexão e escrita. Haverá sempre um discurso sobre o amor. Encontro que faz na intersubjetividade, na relação com o ser amado.
            O amor é um convite para sair de si mesmo. Concentrado em si mesmo, o ser humano se obstaculiza e se torna incapaz de ouvir o apelo do ser amado, ou de quem pensa amar. E a busca do outro somente para satisfação própria, torna-se impedimento para o encontro verdadeiro. Este pensamento faz lembrar a lenda de Narciso, que, ao apaixonar-se por si próprio, o que lhe causa a morte, pois esquece de se alimentar, tão envolvido que esteve com a própria imagem inatingível. Morre, porque torna impossível a intersubjetividade, a relação e vínculo fecundo com o ser amado.
            Na intersubjetividade impossível, relação fecunda de encontro, o ser humano centrado em si mesmo, jamais realizará um encontro de amor, porque amar é desejar o desejo do outro.
            A vida requer riscos, mas calculados e garantidos. Fechado em si, o ser humano, na misteriosa arte de amar, sem desejar o desejo do outro, só encontrará fantasmas. Estes são próprios do mundo ideal, inexistente, presente somente na cabeça de quem sofre incapacidade de ver e ler a realidade com objetividade. O mundo dos fantasmas, ilusório e misterioso, faz o ser humano recair no vazio do amor. Amor estéril, que impede verdadeiro encontro. Fantasmas só prestam para raiar e arranhar a existência, como é próprio das vicissitudes negativas da vida.
            Com o ideal de uma intersubjetividade, ou seja, relação que possibilite sempre verdadeiro encontro, no casamento deve persistir a fé que faz remover montanhas. Acrescente-se também, a necessidade de um clamor como de Sara, depois de ser tomada como esposa por Tobias: “Tende piedade de nós, Senhor, e fazei que cheguemos a uma ditosa velhice” (Tobias 8,10) Sem fantasmas. Eis, pois!
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Vladimir Jankélévitch(31 de Agosto 1903 em Bourges - 6 Junho 1985, em Paris). Jankélévitch era filho de pais russos, que haviam emigrado para França. In 1922 he started studying philosophy at the École normale supérieure in Paris, under Professor Bergson . Em 1922 ele começou a estudar filosofia na École normale supérieure em Paris, sob Professor Bergson. From 1927 to 1932 he taught at the Institut Français in Prague , where he wrote his doctorate on Schelling . De 1927 a 1932 ele ensinou no Institut Français de Praga, onde ele escreveu seu doutoramento sobre Schelling. He returned to France in 1933, where he taught at the Lycée du Parc in Lyon and at many universities, including Toulouse und Lille. Ele retornou à França em 1933, onde ele ensinou no Lycée du Parc, em Lyon e em muitas universidades, incluindo Toulouse und Lille. In 1939 he joined the French Resistance . Em 1939, começou a trabalhar na Resistência Francesa. After the war, in 1951, he was appointed to the chair of Moral Philosophy at the Sorbonne , where he taught until 1978. Depois da guerra, em 1951, ele foi nomeado para a cadeira de Moral Filosofia na Sorbonne, onde ele ensinou até 1978. A citação é extraída da obra do autor: Traité des vertus, do ano de 1936.

Tobias

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

RESPEITO: QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA


Conhecimento ou percepção do que se passa consigo, ou faculdade que tem a razão de julgar os próprios atos, ou voz secreta da alma que aprova ou desaprova os próprios atos: isto é a consciência. Quanto que o respeito é acatamento, deferência, veneração para com as realidades, as coisas, as pessoas. Dito assim, descobre-se que o respeito só terá lugar diante de uma consciência formada para tanto.
Inegavelmente, o Senhor Deus, Criador de tudo e de todas as coisas, dotou o ser humano de uma importante entidade, parte essencial dele, a consciência, ao infundir nele inteligência e vontade. E a consciência está, portanto, entre a vontade e a inteligência. A vontade nata no ser humano é o querer para ação, educável e disciplinável; e a inteligência sujeita à evolução, à progressão, ao crescimento.
Escritos sobre o conhecimento falam da importância deste quando necessário para uma boa inter-relação no casamento. O respeito, junto com o conhecimento, é parte integrante do verdadeiro sentimento de amor que une homem e mulher no matrimônio. Mas o respeito depende da consciência que leva em conta todos os valores do mundo, das realidades terrenas e das pessoas. A consciência possibilita ao ser humano a distinção entre os diversos valores da vida e de todo o mundo criado.
Os seres humanos têm uma infinita distinção em relação aos outros seres criados devido à consciência que os torna infinitamente superiores. É a consciência que governa a vontade para os atos humanos, para a ação no cotidiano. E, no casamento, a consciência aparece como a primeira entidade, o fundamental valor, guia do comportamento e da postura que cada um deve adotar em relação ao outro, na inter-relação de amor, para formar com o outro cônjuge uma só carne, um só ser, tal como Deus instituiu desde a origem e que deve perdurar até o fim da vida.
Sendo a consciência esta entidade, valor sublime e inviolável, requer que seja formada e disciplinada desde o nascimento, para ser aquela que governa os atos humanos, não deixando que a vontade seja incontrolável e dominadora, deselegante e irracional.
A consciência nunca termina de ser disciplinada, educada. Requer constante e sempre permanente atenção para exercer seu papel de rainha das mentes, reta, sempre delicada, correta e incontaminável pelos desvios a que está sujeita a natureza. Ressalta-se, portanto, a essencial função da educação que, sem ferir a liberdade da consciência, procura e faz com que a mesma consciência seja uma resposta adequada para cada momento, para cada situação. Neste sentido, inegavelmente, a consciência exerce o primado na vida humana. Soberana, ela tem a capacidade de restaurar no ser humano a nobreza e grandeza de ser o primeiro entre os demais seres criados.
Uma vida perde seu destino quando deixa de agir segundo a consciência. E aí, já não mais existirá a totalidade da racionalidade, mas sim o menosprezo pelo que o ser humano tem de mais sagrado, a consciência.
Seres conscientes, desde a mais antiga era da humanidade, souberam pautar suas vidas no bem e no belo, nas coisas boas da vida, porque nunca perderam ou deixaram que sobre a consciência fosse sobreposto o antevalor ou contra-valor do desrespeito à dignidade humana. Quando assim aconteceu, a mesma humanidade foi mergulhada em sangue, dor e inútil sofrimento.

O respeito será sempre um reflexo daquilo que cada um tem na consciência e no casamento, terá ou deverá ter lugar privilegiado no comportamento e na conduta de cada um. Atenciosamente, a vida do amor de cada cônjuge, cada um que se casa, terá sempre sabor de felicidade, quando o respeito for a mola mestra da convivência, porque será sempre um reflexo do que está dentro  da consciência. Magnífico exemplo, nesse sentido, foi Jesus que nunca perdeu a consciência de sua nobre e profunda missão e, mais que impor, fez sempre um apelo à ação pela consciência. E respeito é questão de consciência. Eis, pois!

O PRIMEIRO PASSO


            Resolver viver com alguém é um sinal muito forte de desejo e compromisso. A infidelidade ao compromisso constitui-se em uma grande desconsideração em relação aos termos do contrato do casamento. Por isso, a promessa de fidelidade precisa ser controlada. Significa que os namorados ou noivos, desejosos mesmo de selar o compromisso do casamento, avaliem criticamente o compromisso que vão assumir e levem em consideração que precisarão abrir mão de alguma liberdade, em troca de um bom relacionamento, baseado na confiança.
            O amor muda sua coloração, troca de facetas ao longo do tempo. O ser humano amadurece, descobre novos horizontes de uma infinidade de valores e amplia e aprofunda os princípios que assimilou ao longo dos anos vividos. E decidido a viver intimamente e construir comunhão de amor com alguém, deve estar consciente de que o casamento é um acordo de vontades. Assim, Deus o instituiu no início da criação.
            Por certo que os cônjuges, isto é, aqueles que se decidem pelo casamento e, de fato, o celebram, realizam o matrimônio como um acordo satisfatório para ambos. Neste sentido, o matrimônio constitui um estado de vida completamente diverso da vida na individualidade. Sem deixar de ser indivíduo, cada um dos cônjuges irá buscar construir uma íntima comunhão de amor, essencial ao casamento, sem o que será absolutamente desfigurado. Será comunhão de vontades, de perspectivas, sonhos, desejos e realizações. Não há perda e nem supressão do próprio eu. Sua individualidade conserva-se, porém, mais aberta à renúncia e aos sacrifícios quando o bem do outro cônjuge está em jogo ou o exige que assim seja. Também quando surgem as dificuldades individuais e a dois, cada um deverá estar aberto a cooperar com o outro no processo de superação.
            O primeiro passo para um acordo satisfatório será fazer o que prometeu, para que seja coerente com o compromisso assumido e o forte desejo seja justificado por atitude e postura condizente com a felicidade do outro. Fazer significa passar das palavras à ação. Impensável que todo comportamento extravasado ao longo do namoro e depois, quando chegam à conclusão pelo noivado de que o romance vivido deve se tornar realidade, selando o compromisso, casados, uma vez celebrado o matrimônio, deixam que os relacionamentos percam o romantismo. Não. Para que isto não ocorra, o primeiro passo deve ser fazer o que prometeu para que o acordo continue satisfatório para ambos. Deus, mesmo na sagrada Escritura, mostra-se como o grande exemplo de fidelidade, fazendo o que prometeu, mesmo diante da infidelidade dos humanos. O que se constitui em elaboração dos termos de um acordo satisfatório, não pode e nem deve se tornar inexistente ou vazio, mas realidade, mesmo que o romance permaneça. Eis, pois!










quarta-feira, 15 de julho de 2015

Redução da maioridade penal?...

Redução da maioridade penal é uma balela! Anestésico e demonstração da incapacidade e incompetência dos homens públicos, principalmente, os políticos brasileiros, particularmente, o Congresso Nacional que age na contra-mão do que é necessário e do que precisa ser feito de verdade, como quer o povo brasileiro. Tal Redução não vai resolver absolutamente nada, pelo contrário, sendo profundamente imoral tal tentativa, parece e surge apenas para apagar incêndio, como acontece, muitas vezes, neste nosso Brasil. Às vezes, sinto vergonha de tudo isso. São muitos discursos cínicos e de fachada para acreditar que querem resolver o problema da segurança no Brasil. Já estamos cansados de conversas e discursos de quem pensa mais em si mesmo, do que no bem da coletividade. Se estamos cansados é porque não acreditamos mais nos políticos e homens públicos, eleitos para governar bem, gastando o dinheiro público com verdadeiras e sábias ações sociais. Mas, isso não acontece. O que acontece? Corrupção e desvio de verbas vultosas para engordar ainda mais o bolso dos nada patriotas políticos e muitos homens públicos brasileiros. Alemanha, Itália e Japão terminaram a Segunda Guerra Mundial completamente dizimados e destruídos. No entanto, atualmente, são três das potências econômicas do mundo. Por que? Investiram altissimamente na Educação do seu povo. Pena que muitas pessoas por este Brasil afora, sobretudo os nossos homens públicos e administradores, ainda não descobriram isso. Mas, também se pergunta: Será que querem descobrir isso? Não acredito, desde que passem a provar o contrário.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Cinismo, significa, falta de caráter...

Deixa e dá indignação ouvir, ter notícia, tomar conhecimento, saber do estado de cinismo com que vivem os homens públicos, mais especificamente, os políticos e administradores da coisa pública. Cinismo, significa, falta de caráter ou caráter desviado, desvergonha, descaramento no comportamento pessoal e individual. Sobretudo, diante da sociedade, encaram a coisa pública como se fosse própria e não têm decência e respeito para com o bem comum. Muitas vezes, mentem e fazem a mentira vivar verdade. Para o cínico, tudo se transforma na normalidade. Inaceitável! As pessoas de caráter jamais podem concordar com o desavergonhamento e descaramento que são sinais de decadência social. O Império Romano ruiu em face da falta de vergonha dos tantos governantes, que cínicos, não mais tinham interesse pelo bem comum dos cidadãos, mas sim pelo interesse individual, pelo próprio bem estar, em detrimento do bem coletivo. Liberdade e igualdade só se tornam valores verdadeiros, na medida em são exercitados com espírito fraterno, de fraternidade. Liberdade e igualdade sem fraternidade são uma mentira. Deus criou o ser humano livre e igual, mas lhe ensinou que sem fraternidade, sem ver no outro um irmão ou irmã, o mundo cederia lugar ao mal. O cinismo, ou falta de vergonha de tantos homens e mulheres que lidam com a coisa pública, querem liberdade, mas não levam em conta a igualdade, a isonomia, porque, não enxergam os outros com olhos fraternos. O ser humano quando quando não leva em conta o primado da consciência, se transforma e se torna ambicioso. Ambição que o leva a não enxergar os circunstantes e os destinatários dos bens deste mundo. Por isso, um bilhão de seres humanos ainda vivem na fome e, por que não dizer, na miséria, diante da fartura de um minoria. Minoria que quer liberdade, mas não se sentem iguais e por isso, não vêem os que estão ao seu redor, a mendicar pelos mais sagrados direitos, dentre eles, o da sobrevivência com dignidade. Onde está presente o cinismo (lembrando: falta de caráter,desavergonhamento e descaramento), a democracia será sempre frágil e sujeita a desiquilíbrios, muitas vezes, funestos para os menos favorecidos sócio-economicamente, grassará a pobreza extrema e a miséria.  Miseráveis são os que ainda não desconfiaram de que são cínicos e que não contam com a admiração popular. Não contam com a benevolência de Deus, como aconteceu com o Rico Epulão diante do Pobre Lázaro, tema de uma da mais sábias e significativas Parábolas de Cristo nos Evangelhos. O cinismo é um dos males sociais maiormente danosos para o ser humano, porque impede a verdadeira fraternidade entre as pessoas, entre os povos.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

FRATERNO AMOR...



         A Revolução Francesa, evento histórico da mais alta envergadura e que marcou a história da civilização ocidental até o presente, eclodiu no ano de 1789. A sociedade de então, já sentia, há anos, forte anseio de renovação, partindo de mudanças do estado em que se encontrava. A grande massa da população relegada ao estado de subserviência, desejosa de ver seus direitos em evidência, se contrapunha à burguesia, que mergulhada na estagnação da exploração da classe subserviente, tudo empreendia, na determinação de manter o status quo, ou seja, conservar os privilégios conquistados e adquiridos ao longo dos últimos cerca de dez decênios. A grande massa que a própria Revolução, com seus líderes, nomeara com o designativo de Plebe, assentou seus fundamentos na inigualável e, diria, quase perfeita trilogia: igualdade, liberdade e fraternidade. É verdade que a Revolução Francesa não eclodiu de um dia para o outro como movimento de massa. Diversas circunstâncias foram criando o clima para que emergisse uma revolta popular, que pôs fim ao regime monárquico, autoritário e despótico na França. Sem sombra de dúvida, que trouxe o movimento e a própria revolução trouxeram grandes conquistas para o povo, em que pese a ocorrência de fatos e acontecimentos nada louváveis, que mancharam os ideais revolucionários, que visavam o estabelecimento de um Estado com bases democráticas.
            Além da trilogia igualdade, liberdade e fraternidade, tinha a referida revolução o ideal de restabelecer a família, dando ao casamento seu lugar de destaque, como base e fundamento na própria.
            Ao longo das décadas que se seguiram à revolução, inegavelmente, muito contribuiu para melhora das condições de vida do povo a restauração das bases do casamento e da família. Porém, uma inusitada curiosidade impediu que a revolução completasse seu nobre ideal. Os executores da revolução acabaram por relegar ao segundo plano um dos princípios da trilogia, a fraternidade.
            O que se vê na atualidade, como constatação dos efeitos da Revolução Francesa, foi que, a liberdade e a igualdade, tanto na própria França, como em outras nações, onde se fizeram sentir mais fortemente a influência dos ideais revolucionários iluminista, brigaram entre si e nenhum dos dois princípios conseguiu os avanços que propugnavam, exatamente porque faltou-lhes aquele princípio regulador, a fraternidade, relegando-o ao segundo plano e, em certas circunstâncias, até levando-o ao esquecimento. Esqueceram-se de que a fraternidade é uma condição humana, constitui um ponto de partida, mas também algo a ser conquistado, com o compromisso e a cooperação de todos.
            Obviamente, liberdade, igualdade e fraternidade, influenciaram ou exerceram influxo sobre todas as instituições, de modo geral, com o objetivo dos ideais revolucionários de mudança e renovação dos costumes, inclusive o casamento e a família, mas, com o quase esquecimento da fraternidade, inviável restou conseguir sucesso.
            A fraternidade é algo para ser vivido E só pode ser compreendida se a viver e for vivenciada, e, só não foi compreendida pelos revolucionários daquela época, porque não a viveram.
            Por certo, esta reflexão leva a uma consequência lógica para o casamento e a família: redescobrir a fraternidade, porque, só será possível se descobrir livre e igual quando se é irmão. Naturalmente que, além dos direitos e deveres próprios do estado conjugal, dentre eles o débito conjugal e a construção de uma íntima comunhão de vida, além do afeto marital, acrescente-se, também, o da fraternidade entre marido e esposa, que pela vivência fraternal, se reconhecerão livres e iguais, com fraterno amor. Eis, pois!


sexta-feira, 26 de junho de 2015

AMOR À VERDADE...

Todos têm direito a manifestar e se expressar. Aliás, o direito de expressão é sagrado, expressão, desde que não fira os direitos alheios. Deixem-me, por favor, me expressar então. Sem nenhuma pretensão particular ou específica, mas objetiva, para dizer o que penso. Ah! Só penso no bem de todos. Creiam-me...

AMOR À VERDADE

 No centro estava a imagem de José, o pai adotivo de Jesus e, ao seu lado, diversas outras imagens de santos e santas. Homens e mulheres que escolheram para si o estado matrimonial, ou seja, escolheram o casamento como estado de vida. Foram exemplares em suas vidas, modelos de santidade, mas também modelos de cidadãos, expressivos e expressivas com uma exuberante consciência de cidadania.
 À noite, enquanto dormiam todos, escutava-se um diálogo cujas vozes vinham não se sabe de que direção. Mas, pouco a pouco, descobriu-se que vinha da gruta construída por um zeloso sacerdote. Não tinha ele muita paciência para fixar-se em uma comunidade, vivia passando de cidades em cidades e onde fosse possível construía uma gruta, em geral, sempre dedicada à Virgem Maria e nunca deixava de pregar o Evangelho a quem o escutava.
 Ao longo de uma rodovia moderníssima, de quatro pistas, aquele sacerdote conseguiu autorização do órgão estatal competente e que administrava a referida autoestrada, para também ali, bem próximo de uma cidadezinha, edificada num vale, entre duas montanhas, construir uma gruta que chamasse atenção de todos que por ali transitassem.
 Nesta gruta, terminada a sua edificação, à noite, sem iluminação, ali não existia rede elétrica, de repente, depois de alguns dias haver depositado a imagem da Virgem Maria, notaram que outras imagens foram também depositadas. O povo do país muito religioso; muitas pessoas levavam imagens de outros santos e santas para aquela gruta, geralmente, como cumprimento de uma promessa. Dentre elas, levaram uma de São José, o pai adotivo de Jesus, outra de Santa Rita de Cássia e, poucos dias depois, apareceu mais uma, de uma santa pouco conhecida: Santa Maria da Encarnação. Esta se casara e tivera seis filhos. Sofreu tribulações e aflição e o marido fora exilado, os bens confiscados injustamente.
 Sabe-se que tanto São José como a Virgem Maria foram pessoas cumpridoras de seus deveres e muito silenciosas. Os Evangelhos deixam transparecer que pouco falavam. Maria muito pouco e José, quase nada.
 As vozes que vinham desta gruta, à noite, enquanto todos dormiam, nada mais eram do que uma reunião em que São José resolveu coordenar. Estavam muito preocupados com os rumos do mundo neste início de Século XXI. As instituições todas em crise, o Norte do Globo cada vez mais rico e os países subdesenvolvidos cada vez mais pobres e em dificuldades financeiras, as concepções éticas e morais cada vez mais deterioradas, muitos escândalos e o graçamento cada vez mais galopante de corrupção marcada por um cinismo sempre mais desenfreado, a família e o casamento em crise, manifestada esta última, particularmente, pela falta de compromisso dos homens e mulheres deste mundo, no Século XXI.
 Como José, homem sábio e justo, sempre foi de pouco falar, embora tivesse o que dizer de muito importante, mas na qualidade de coordenador, deixou que os outros presentes falassem por primeiro ou dessem algum conselho para os habitantes da Terra. A Santa, pouco conhecida e falada, tomou a palavra e disse, aconselhando aos esposos e filhos: “Seria tão bom se os pais retomassem a educação dos filhos no amor à verdade...”. De repente a Santa silenciou. É que chegara um devoto à gruta, já era de madrugada. E São José, disse baixinho: “Não faz mal, amanhã, ou qualquer dia, voltamos à reunião e continuamos para ajudar aqui na Terra os nossos devotos”. É que não queriam que vissem imagens falando. Poderiam ficar assustados. Eis, pois!

terça-feira, 23 de junho de 2015

AMOR OU FANTASMAS?


            O célebre pensador e escritor Jankélévitch[i], em suas meditações sobre o amor, certa feita assim exprimiu: “Para amar é preciso ser, mas para ser é preciso, antes de tudo, amar: pois quem não ama é um simples fantasma”.
            Diria que as ligações entre as pessoas se tornam pobres e empobrecidas quando as convenções e a superficialidade dos contatos estabelecem relações impessoais e impedem o autêntico encontro amoroso.
            Até parece ideia fixa falar amiúde de amor. Mas, como dele não falar, do fio condutor de toda a relação do casamento? Neste sentido, amor, obviamente, será fonte e matéria de constante debate, reflexão e escrita. Haverá sempre um discurso sobre o amor. Encontro que faz na intersubjetividade, na relação com o ser amado.
            O amor é um convite para sair de si mesmo. Concentrado em si mesmo, o ser humano se obstaculiza e se torna incapaz de ouvir o apelo do ser amado, ou de quem pensa amar. E a busca do outro somente para satisfação própria, torna-se impedimento para o encontro verdadeiro. Este pensamento faz lembrar a lenda de Narciso que, ao apaixonar-se por si próprio, esquecendo-se de se alimentar, tão envolvido que esteve com a própria imagem inatingível, morre, porque torna impossível a intersubjetividade, a relação e vínculo fecundo com o ser amado.
            Na intersubjetividade impossível, relação fecunda de encontro, o ser humano, centrado em si mesmo, jamais realizará um encontro de amor, porque amar é desejar o anseio do outro.
            A vida requer riscos, mas calculados e garantidos. Fechado em si, o ser humano, na misteriosa arte de amar, sem desejar o anseio do outro, só encontrará fantasmas. Estes são próprios do mundo ideal, inexistente, presente somente na cabeça de quem sofre incapacidade de ver e ler a realidade com objetividade. O mundo dos fantasmas, ilusório e misterioso, faz o ser humano recair no vazio do amor. Amor estéril, que impede verdadeiro encontro. Fantasmas só prestam para raiar e arranhar a existência, como é próprio das vicissitudes negativas da vida.        
Com o ideal de uma intersubjetividade, ou seja, elação que possibilite sempre verdadeiro encontro, no casamento deve persistir a fé que faz remover montanhas. Acrescente-se, também, a necessidade de um clamor como de Sara, depois de ser tomada como esposa por Tobias: “Tende piedade de nós, Senhor, e fazei que cheguemos a uma ditosa velhice” (Tobias 8,10). Sem fantasmas. Eis, pois!
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Vladimir Jankélévitch (31 de agosto 1903 em Bourges - 6 junho 1985, em Paris). Jankélévitch era filho de pais russos, que haviam emigrado para França. In 1922, he started studying philosophy at the École normale supérieure in Paris, under Professor Bergson. Em 1922 ele começou a estudar filosofia na École normale supérieure em Paris, sob Professor Bergson. From 1927 to 1932, he taught at the Institut Français in Prague, where he wrote his doctorate on Schelling. De 1927 a 1932 ele ensinou no Institut Français de Praga, onde escreveu seu doutoramento sobre Schelling. He returned to France in 1933, where he taught at the Lycée du Parc in Lyon and at many universities, including Toulouse und Lille. Ele retornou à França em 1933, onde ele ensinou no Lycée du Parc, em Lyon e em muitas universidades, incluindo Toulouse und Lille. In 1939 he joined the French Resistance. Em 1939, começou a trabalhar na Resistência Francesa. After the war, in 1951, he was appointed to the chair of Moral Philosophy at the Sorbonne, where he taught until 1978. Depois da guerra, em 1951, ele foi nomeado para a cadeira de Moral Filosofia na Sorbonne, onde ele ensinou até 1978. A citação é extraída da obra do autor: Traité des vertus, do ano de 1936.




sexta-feira, 19 de junho de 2015

AMIGOS FILHOS



            O casamento transfere aos cônjuges uma série de direitos e correspondentes deveres, próprios do estado matrimonial. Dentre direitos que adquirem os pais, um deles sobressai em fase mais amadurecida da constância matrimonial, o direito e o dever da educação específica aos filhos, que deixam de ser crianças e entram em fase de autoafirmação e de novas descobertas.
            Chegados aos doze anos de idade, de modo geral, vem a adolescência até os dezoito ou dezenove anos, mais ou menos, não há como se estabelecer uma idade absolutamente limite, pois já o sabemos: cada ser humano é único e irrepetível. Fase de maturação física.
            No rapaz aparecem os pelos, mudança da voz, certo desajeitamento dos movimentos.
            Na mocinha aparecem as formas do corpo, sobressaem os seios e chega a menstruação.
            Para um e para a outra, fenômeno absolutamente normal e natural. Além disso, uma descoberta mais acentuada do amor e a atração física por pessoas do sexo oposto.
            Nesta idade, a adolescência, em ambos há um acentuado descontrole emocional, fruto da mesma idade e fase. E a ciência moderna descobriu, há poucos anos, que tal descontrole é consequência de um desequilíbrio hormonal. Certa glândula secretora de hormônio responsável pelo equilíbrio emocional, ora segrega em menor quantidade, ora deixa de fazê-lo intermitentemente o necessário e na medida para agir sobre o psiquismo, promovendo o desequilíbrio emocional. Nada de anormal.
            A adolescência deve possibilitar a continuidade do processo formativo da personalidade do indivíduo, a educação. Por isso, também e mais que necessário se faz que os pais imponham limites, nos quais se diz sim e não, para pôr o adolescente na condição de ir aprendendo a decidir, mas também sabedor de que não pode tudo.
            Ainda hoje se discute o que fazer com a rebeldia e a irreverência típica dos adolescentes. Para a idade deles, trata-se de um fenômeno que, na forma como acontece ou do modo como o fazem, por certo, deve ser encarado como anormal. Anormal, porque se tudo se permite é sinal que algo esteja faltando no processo educativo: a imposição de limites.
            A adolescência deve ser encarada como uma fase admiravelmente importante e mais bela da vida do indivíduo que deve ser compreendido. E todo esforço possível não será em vão para entender o adolescente em seus anseios e desejos, na sua vontade. É difícil. Sim. Mas nem por isso se pode deixá-lo, ignorá-lo ou tratá-lo como se criança fosse. Às vezes, ele tem atitudes de criança misturadas com atitudes de adulto, o que deve ser entendido como absolutamente normal e natural, até porque se encontra ele na idade para conquistar a autoafirmação, ou seja, procura formas e modos de ser dono de si mesmo, quer fazer valer o seu “eu” e, muitas vezes, não consegue, porque lhe falta o amadurecimento e o equilíbrio suficiente.
            Infelizmente, em muitas situações os pais encaram a adolescência como um grande desafio, seja na convivência e coexistência, seja no processo educativo com e dos adolescentes. Onde encontrar explicação e fundamento para tal dificuldade? Sem sombra de dúvida, ela reside na inexistência de um fator preponderante para a árdua tarefa da educação, ou seja, a pouca ou nenhuma amizade dos pais com os adolescentes. Se os cônjuges, como pais dedicados, agirem verdadeiramente como amigos de seus filhos, a missão da educação poderá ser árdua, mas não tanto espinhosa e difícil como muitos a encaram e ele se apresenta. Pais amigos terão amigos filhos, porque estes serão confidentes daqueles que, alegres, se alegrarão com o fruto do seu amor. Eis, pois!





CONSTRUTORES DA VIDA



            Santo Agostinho lega-nos a notícia de que, no seu tempo, existiam cerca de trezentas definições sobre ser humano. E hoje, certamente, muito mais. Nem sabemos quantas. Um mistério. Mistério como é a vida.
            Tive a curiosidade de verificar, no melhor dicionário de nossa língua materna, o sentido do termo vida. Diz lá:...estado de incessante atividade funcional, ou, ... tempo decorrido entre o nascimento e a morte..., ou ainda, ... existência..., e tantos mais. Surpreso! A vida deve ser muito mais.
            O casamento era, ao tempo de Jesus, inestimável patrimônio da civilização. E ao elevá-lo à dignidade de Sacramento, tornou-o ainda mais de incalculável valor patrimonial. Direi que assim deve ser, porque, o casamento, o matrimônio, torna-se santuário da vida. Mais que tempo decorrido entre o nascimento e a morte, é estado de incessante atividade funcional. Mas, muito mais que isto, lugar de construção e preservação da vida.
            A Sagrada Escritura, em suas páginas iniciais, ao descrever a criação de Deus, na particular criação da natureza humana, o desígnio de Javé (=Deus) sobre o ser humano, segue uma lógica e dinâmica fundamental: ”crescei e multiplicai-vos”. Inegavelmente, ao dar Eva como eterna e terna companheira a Adão, constitui o homem e a mulher como a vocação insubstituível de construtores da vida.
            Já sabemos quão maravilhoso e soberbo o desígnio de Deus sobre a sorte salvífica da humanidade. Com a dinâmica que ele mesmo criou, quis, com ela, instalar-se no meio da humanidade. Emanuel, Deus conosco. No Espírito Santo fez-se esposo de Maria Virgem, que nos deu seu Filho Jesus, nascido nas condições de extrema humildade, numa estrebaria, em Belém, na Judeia. Javé, criador da vida, deixa-se, em seu Filho, entrar na dinâmica da construção da vida.
            O Natal de Jesus é, em todos os sentidos, uma imagem da dinâmica do ser humano como construtor da vida, uma realidade símbolo do matrimônio, do casamento, como ambiente de construção da vida. Impressiona a inter-relação de José com Maria. Embora a Encarnação de Deus no meio da humanidade se faz de forma extraordinária, obra do Espírito Santo, José não se acovarda, assume a postura de pai e esposo, construtor da vida.
            Obviamente, a vida, uma construção inacabada, requer constante e permanente dedicação de conservação e retoque. Pois, esta construção não termina com o nascimento. Deus, no Natal e depois, deu o exemplo. Assim, agora podemos entender o magnífico mistério do casamento de José e Maria. A vida do Menino-Deus estava em suas mãos. Estado de incessante atividade funcional. Existência. Eis, pois!









EDUCAR COM ARTE



            Vive-se hoje muito melhor que antigamente, existe mais conforto, maior conhecimento. Temos mais compromissos, porém menos tempo. Gastamos mais, embora desfrutamos menos. Temos casas maiores, mas famílias menores. Temos mais remédios, entretanto menos saúde. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores humanos. Conquistamos o espaço exterior, mas o interior, às vezes, esquecido. Temos dinheiro, porém menos moral. Fala-se muito da necessidade de restabelecer valores humanos, valores éticos, entretanto, sem ser pessimista, parece que nada caminha neste sentido. Seria isto uma radiografia ou um panorama com objetividade do mundo em que vivemos? Se não for, ao menos pode dar uma ideia ou noção, ainda que relativa, da realidade atual.
            Tem-se ouvido tantos relatos pessimistas e negativos que mostram e apontam a família em declínio, como tantas outras instituições em crise na pós-modernidade. Muitas notícias dos conflitos entre pais e filhos e vice-versa. Não se pode ignorar que isto seja uma realidade e nem desconhecer que tais conflitos sempre existiram, antes com menor, mas hoje com maior incidência. Derrotismo e pessimismo nestes momentos são perniciosos e não podem fazer parte do dia a dia, mesmo que seja real, até porque o ser humano deve acreditar na própria capacidade de superação.
            Falando-se de família e casamento, torna-se difícil discernir ou saber qual deles tem levado o outro ao fracasso ou declínio. Se a família em crise levou o casamento ao declínio ou se este tornou a família susceptível de crise, não se pode concluir a qual deles pertence a paternidade da culpabilidade. Obviamente, chorar leite derramado não produz nenhum efeito ou suporte para superação de crises ou conflitos. Mais obviamente, Deus, na sua incomensurável sabedoria, instituiu o casamento no início da criação e o dotou com leis próprias para o bem e a felicidade dos homens e mulheres de todos os tempos e lugares. E o casamento seguiu seu curso trazendo o estabelecimento da família como célula mãe da sociedade.
            Por certo, ambas as instituições, a família e o casamento, terão sua parcela de responsabilidade, para não falar de culpa, pelo fracasso, pela crise ou pelo conflito que gerou e continua gerando as crises, algumas delas sem solução. Não admitir isso, seria fazer-se de cego na mente e surdo no espírito, para não ver e nem ouvir a realidade que nos cerca.
            A educação, que no passado era dada com arte, continua sendo feita também com muita arte. Porém, no momento, exsurge a necessidade de se descobrir ou redescobrir algum valor esquecido. Qual ou quais? Trata-se de restabelecer valores humanos perdidos ou esquecidos do passado. Um deles: a conversa ou o diálogo com os filhos.
Dias atrás, numa oportunidade feliz daquelas que a vida e a convivência proporciona, indagou-se para os pais reunidos se conversavam com os filhos. Para surpresa, constatou-se que não. Dão ordens e determinações, querem que cumpram e observem tudo, mas não os escutam quando precisam falar com os pais. Não lhes dão oportunidade de também falarem. E os filhos, neste particular, têm e estão cobertos de razão quando desejam argumentar com os seus pais. Os filhos têm necessidade disso desde pequenos, mesmo quando ainda não sabem falar. Importante que os filhos falem aos seus pais das suas dúvidas, das dificuldades, do que pensam, do que fazem. Se não são ouvidos, estarão vivendo na escuridão das incertezas e das dúvidas que somente eles têm. Possivelmente, se se estabelecer com os filhos desde pequenos este sistema ou clima de diálogo franco e aberto, restabelecer-se-á a confiança muitas vezes perdida e, quem sabe, educar-se-á com mais apurada arte. Eis, pois!




sexta-feira, 12 de junho de 2015

INTERPRETAR E REINTERPRETAR SEMPRE

                                             

Uma das mais ricas funções — sim, funções — da mente humana é, exatamente, a de interpretar sempre os acontecimentos, os fatos, a vida, o amor. E funções porque a capacidade da mente para interpretar abarca e envolve uma gama de infinitas situações. E interpretar sempre, porque a vida e o amor estão sujeitos também a uma infinita dinamicidade, isto é, de movimentos, mudanças e crises. Na verdade, a vida e o amor, sendo dinâmicos, devem ser interpretados e avaliados, pois apresentam sempre situações novas, experiências novas.
            O novo pode assustar, pode alegrar, trazer contentamento e preocupações, incertezas e indecisão. Mas como novo, distinto do antigo e anterior, passa e deve passar por uma avaliação, reinterpretação daquilo que se encontra na vida e no amor, para por o ser humano na condição de adequação e estabilidade, na serenidade e discernimento do bom, do útil, agradável e tranquilo, superando incertezas e indecisões. Só assim virá a adaptação.
            O casamento sofre idêntico processo e, portanto, necessariamente, os fatos, os acontecimentos, a vida e o amor precisam e devem ser reinterpretados. Vida e amor, como são dinâmicos, passam por transformações que apresentarão situações novas. Situações que requererão constante avaliação para a adaptação. Nesse particular, não podem se esquecer os cônjuges de que situações novas sempre virão. Mente e corações devem estar permanentemente interligados e ligados a esta verdade, da qual não podem e nem devem se desvincular, sob pena de perderem o controle e equilíbrio na relação afetuosa, de carinho, enfim, do amor que alimentam e vivem no dia a dia e que para o futuro viverão.
            Inúmeras vezes, não será fácil reinterpretar a vida e o amor diante de situações novas. Interpretar estas supõe que, primeiro, se a faça individualmente, isto é, com esforço por entender e compreender por si mesmo. Mas, sobretudo, interpretar a dois. Significa que os cônjuges exercitem sua capacidade de diálogo e discutam cada situação nova, para se entenderem e compreenderem e, assim, se adaptarem a ela, sem atritos e conflitos negativos que só dificultarão a vida e o amor.
            Deus dotou o ser humano de entendimento e capacidade de diálogo. E este se faz com esforço e boa vontade, para interpretar e reinterpretar sempre. Eis, pois!




EROS

“... Mas, nem o espírito ama sozinho, nem o corpo: é o homem, a pessoa, que ama como criatura unitária, de que fazem parte o corpo e a alma. Somente quando ambos se fundem verdadeiramente numa unidade, é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só deste modo é que o amor, o Eros, pode amadurecer até à sua verdadeira grandeza”. Assim se exprime o Papa Bento XVI, na sua primeira Carta Encíclica, sobre o amor cristão[1].
            Houve um tempo em que tentativas surgiram com o fim de renegar totalmente a maravilhosa dimensão do amor como Eros. Eros, na mitologia grega, o deus do amor e representado na lenda romana por Cupido ou Amor e cujo significado pode ser como aquele amor instintivo, amor carnal.
            Muitos casamentos tiveram ou têm como fundamento unicamente o amor carnal, Eros. Por isso, fracassaram ou fracassam. Aliás, toda inter-relação que se fundamenta tão somente no Eros, no amor carnal, no amor instinto, está mesmo fadado a curta duração.
            Como muito bem argumenta o Sumo Pontífice Bento XVI quando na sua primeira Encíclica faz rápida, mas rica e autêntica interpretação do Cântico dos Cânticos, pergunta como deve ser vivido o amor para que se realize plenamente a sua promessa humana e divina. E diz ele: “... O amor compreende a totalidade da existência em toda a sua dimensão, inclusive a temporal. Nem poderia ser de outro modo, porque a sua promessa visa o definitivo: o amor visa a eternidade...”. Então, vê-se que o amor Eros, amor carnal, também está incluído na totalidade do amor que leva consigo a finalidade do bem do amado. Mas não somente o amor carnal, também o amor de amizade, que os gregos chamavam de filia; e mais ainda, o amor ágape, que tem o significado de mútua afeição e que visa o bem do amado, numa preocupação ativa pela sua vida e o crescimento.
            Em se falando de matrimônio, casamento, deduz-se que o amor Eros, amor carnal, deve passar por uma purificação, com renúncias e sacrifícios para não suplantar as outras duas dimensões do amor, o amor amizade e o amor afeição, mesmo que uma delas sobressaia em relação às outras. Também aqui, há sempre o perigo e o risco da criação de feudo em cima das dimensões do amor ou de uma delas. O que fatalmente levará o casamento a um fim o qual não se pode prever qual será. Acentuar o casamento sobre uma só das dimensões do amor e fixar-se somente nela poderá, como acontece sempre, levar o casamento ao total fracasso, pois de repente passar-se-á viver uma vida a dois desprovida de qualquer sentido, quando, então, a separação torna-se o único remédio, incapaz de curar a ferida e apagar as marcas deixadas por uma inter-relação que jamais poderia ter acontecido.
            O amor Eros ou carnal, o amor filia ou de amizade e o amor ágape ou de afeição, que visa o bem do amado, que espera algo de retorno e sem exigência, um tripé perfeito; dos três, o ágape sobressai como aquele capaz de sustentar o matrimônio e, sem ele, os outros dois estariam na iminência de se sucumbirem, não sendo capazes da manutenção do casamento, como tem acontecido na prática com inúmeros fracassos matrimoniais. E fracassam porque, tanto o Eros, como o amor de amizade, tem seus limites bastante aquém do que é capaz o amor ágape, doação e entrega total ao outro e para o bem dele. Isto explica muito bem o motivo ou motivos de muitíssimos casamentos destruídos, quando falta o amor ágape, caminho seguro de manutenção do matrimônio. Eis, pois!

(1)  Papa Bento XVI (latim: Benedictus PP. XVI, em italiano Benedetto XVI), nascido Joseph Alois Ratzinger, (Marktl am Inn, Baviera, 16 de abril de 1927) é Papa desde o dia 19 de Abril de 2005. Foi eleito como o 265º Papa com a idade de 78 anos e três dias, sendo o actual Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana. Foi eleito para suceder ao Papa João Paulo II no conclave de 2005 que terminou no dia 19 de Abril. É pianista e tem preferências por Mozart e Bach.  Grande teólogo e profundo conhecedor da filosofia. É o sexto e talvez o sétimo (segundo a procedência de Estêvão VIII, de quem não se sabe se nasceu em Roma ou na Alemanha) papa alemão desde Vítor II e, nos seus 80 anos, tem a idade máxima para ser cardeal eleitor. Em abril de 2005 foi incluído pela revista Time como sendo uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. O último Papa com este nome foi Bento XV, que esteve no cargo de 1914 a 1922, foi o Papa durante a Primeira Guerra Mundial. Ratzinger é o primeiro Decano do Colégio Cardinalício eleito Papa desde Paulo IV em 1555 e o primeiro Cardeal-bispo eleito Papa desde Pio VIII em 1829.




REDESCOBRIR

Neste dia dedicados aos namorados, aproveito para dedicar-lhes alguns de meus escritos sobre casamento, homenageando-os, mas dedico também a todos os casados, porque entendo eu, que casados, são ternos e eternos namorados.



            O mundo da mitologia grega sempre fascina a todos, quando tomam conhecimento das imagens e atividades dos deuses da Grécia Antiga. Misturam-se sonhos e ilusões inumeráveis que só mesmo na imaginação de um povo que, permanentemente, buscou respostas para a origem da vida, explicações para o mistério da existência humana, do mundo e das coisas.
            Em muitas lendas e mitos do espaço vital grego, um tema esteve sempre presente. As relações entre os deuses e os habitantes daquele rico mundo cultural incluíam o casamento, a família. É verdade que no limite. Curiosamente, alguns deuses disputavam entre si o casamento e a existência familiar, na rica relação que as relações humanas e amorosas inspiram. Alguns deuses não exitavam na eliminação de outros para realizarem seus intentos no desejo de tomar para si o esposo ou esposa da própria ilusão.
            O ser humano também tem seus sonhos e ilusões. Alguns realizáveis e realistas, outros nem tanto. E certamente, como no mundo grego, inicialmente, algo sonhado e ilusionado, vai se tornando realidade Um pouco diferente do imaginado.
            As lendas e mitos helênicos nos fascinam, sem dúvida, porque rico de muito romantismo colorido por um amor não deliberado, mas contagiante. Amor fortemente mesclado de muita graça e ventura. Isto, ventura com toda força que o termo inspira, de boa sorte, felicidade, destino de prosperidade e sucesso. E os inimagináveis acontecimentos tinham sempre um final feliz, porque chegavam os deuses à redescoberta do que o maravilhoso passado os inspirou.
            Seria por demais ousado inspirar-se nas lendas gregas para falar e discorrer sobre um tema que, sem ser exclusivo, tem profundas raízes no cristianismo? Certamente, não. A cultura cristã purificou, a ideia e o ideal do casamento evoluiu, da cultura grega para o mundo cristão.
            A instituição casamento passa, no mundo atual, por uma crise de identidade, cujas causas não foram ainda detectadas no todo, pelo menos como resposta definitiva, e que ofereça tranquilidade para os anseios da existência humana. Será? Igualmente ousado pode-se responder, não. Se os deuses gregos foram egoístas, sucumbiram no seu próprio egoísmo.
O ser humano, realista, de inteligência evoluída e mais aguçada que o imaginário universo da mitologia, deve partir para a redescoberta dos autênticos valores do casamento e da família. Façam um esforço para redescobrir tais valores. Com ventura sim, mas também, renunciando ao egoísmo, redescobrir tudo aquilo que constituíram os momentos felizes do namoro, noivado e dos primeiros anos do casamento. Eis, pois!






sexta-feira, 8 de maio de 2015

RESPEITO: QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA



Conhecimento ou percepção do que se passa consigo, ou faculdade que tem a razão de julgar os próprios atos, ou voz secreta da alma que aprova ou desaprova os próprios atos: isto é a consciência. Quanto que o respeito é acatamento, deferência, veneração para com as realidades, as coisas, as pessoas. Dito assim, descobre-se que o respeito só terá lugar diante de uma consciência formada para tanto.
Inegavelmente, o Senhor Deus, Criador de tudo e de todas as coisas, dotou o ser humano de uma importante entidade, parte essencial dele, a consciência, ao infundir nele inteligência e vontade. E a consciência está, portanto, entre a vontade e a inteligência. A vontade nata no ser humano é o querer para ação, educável e disciplinável; e a inteligência sujeita à evolução, à progressão, ao crescimento.
Escritos sobre o conhecimento falam da importância deste quando necessário para uma boa inter-relação no casamento. O respeito, junto com o conhecimento, é parte integrante do verdadeiro sentimento de amor que une homem e mulher no matrimônio. Mas o respeito depende da consciência que leva em conta todos os valores do mundo, das realidades terrenas e das pessoas. A consciência possibilita ao ser humano a distinção entre os diversos valores da vida e de todo o mundo criado.
Os seres humanos têm uma infinita distinção em relação aos outros seres criados devido à consciência que os torna infinitamente superiores. É a consciência que governa a vontade para os atos humanos, para a ação no cotidiano. E, no casamento, a consciência aparece como a primeira entidade, o fundamental valor, guia do comportamento e da postura que cada um deve adotar em relação ao outro, na inter-relação de amor, para formar com o outro cônjuge uma só carne, um só ser, tal como Deus instituiu desde a origem e que deve perdurar até o fim da vida.
Sendo a consciência esta entidade, valor sublime e inviolável, requer que seja formada e disciplinada desde o nascimento, para ser aquela que governa os atos humanos, não deixando que a vontade seja incontrolável e dominadora, deselegante e irracional.
A consciência nunca termina de ser disciplinada, educada. Requer constante e sempre permanente atenção para exercer seu papel de rainha das mentes, reta, sempre delicada, correta e incontaminável pelos desvios a que está sujeita a natureza. Ressalta-se, portanto, a essencial função da educação que, sem ferir a liberdade da consciência, procura e faz com que a mesma consciência seja uma resposta adequada para cada momento, para cada situação. Neste sentido, inegavelmente, a consciência exerce o primado na vida humana. Soberana, ela tem a capacidade de restaurar no ser humano a nobreza e grandeza de ser o primeiro entre os demais seres criados.
Uma vida perde seu destino quando deixa de agir segundo a consciência. E aí, já não mais existirá a totalidade da racionalidade, mas sim o menosprezo pelo que o ser humano tem de mais sagrado, a consciência.
Seres conscientes, desde a mais antiga era da humanidade, souberam pautar suas vidas no bem e no belo, nas coisas boas da vida, porque nunca perderam ou deixaram que sobre a consciência fosse sobreposto o antevalor ou contra-valor do desrespeito à dignidade humana. Quando assim aconteceu, a mesma humanidade foi mergulhada em sangue, dor e inútil sofrimento.
O respeito será sempre um reflexo daquilo que cada um tem na consciência e no casamento, terá ou deverá ter lugar privilegiado no comportamento e na conduta de cada um. Atenciosamente, a vida do amor de cada cônjuge, cada um que se casa, terá sempre sabor de felicidade, quando o respeito for a mola mestra da convivência, porque será sempre um reflexo do que está dentro  da consciência. Magnífico exemplo, nesse sentido, foi Jesus que nunca perdeu a consciência de sua nobre e profunda missão e, mais que impor, fez sempre um apelo à ação pela consciência. E respeito é questão de consciência. Eis, pois!