Dono significa ser senhor, possuidor de alguma coisa, proprietário. Mas,
existe uma entidade chamada verdade, da qual apenas uma pessoa pode-se dizer,
seja ela dona da verdade, Deus e para ser mais real, o Deus que está em Nosso
Senhor Jesus Cristo. Mais ninguém pode se apropriar do convencimento de que
seja dono da verdade. Porque, de fato não o é. Finito e falível como é o ser
humano, jamais pode imaginar ou pensar que seja dono da verdade.
O matrimônio e sua
vivência estão cercados de expectativas, porque antes dele, algo vivido apenas
no ideal, virtualmente, mas também depois de celebrado, os sonhos se
multiplicam, embora nem todos se realizem, porquanto muitos dos sonhos não
passam de uma quimera, ou seja, porque, ou são um monstro fabuloso, com cabeça
de leão, corpo de cabra e calda de dragão, isto é, sonhos irreais, posto que,
monstro fabuloso não existe, é pura fantasia, fruto produto da imaginação,
utopia, chegando às raias do absurdo. Viver idealizando assim não será possível
construir uma existência, um mundo feliz.
É verdade que é preciso
sonhar sempre, porquanto, os sonhos fazem parte da esperança, e muitas vezes
atuam como elementos rejuvenescedores, entretanto, o ser humano não pode e nem
deve viver somente de sonhos, aliás, impossível viver somente deles e neles. A
vida é muito mais do que os sonhos que emergiram na própria existência.
Sonhar ser dono da
verdade é o primeiro passo para se imaginar e pensar que se tornou seu dono.
Pode-se até sonhar, entretanto, o ser humano comete um grande equívoco
imaginar-se e pensar-se como dono da verdade, quando de fato, vê-se que não o é.
Como os sonhos muitos, irreais e fantasiosos, produzidos por frágeis
realidades, quase nulas como existentes.
No matrimônio também
emergem os sonhos, muitos deles se tornam realidade, porém, muitos são
produzidos por frágeis realidades, por pura fantasia produto da fértil
imaginação, mas também que levam as pessoas se imaginarem e pensarem-se como os
donos da verdade. Lastimável quando passam a viver como se fossem mesmo os
donos da verdade e aí, se fecham ao diálogo, não aceitam sugestões, não ouvem
mais ninguém, e o que é pior, desconsideram o ser amado, a quem um dia escolheu
como companheiro, como companheira. Companheiros que não mais sonham juntos,
que propriamente deixam de serem parceiros ou não mais caminham juntos,
preferindo caminhar desencontrados e se desencontrando, perderam o norte, com o
ideal obscurecido.
Na verdade, os sonhos
que levam consigo, depois a imaginação e o pensamento de que se acham como os
donos da verdade, são sonhos egoístas, que não podem fazer parte do conjunto
dos sonhos de um matrimônio, de quem almeja e deseja construir uma vida feliz,
porque impossível ser feliz sozinho.
Não vale a pena sonhar
como se fosse o dono da verdade, nem se imaginar da verdade dono, porquanto, se
a felicidade é uma situação vital ou uma condição de viver e, felicidade não se
explica, mas se vive, impossível viver de sonhos, pura fantasia ou produto
fruto de fértil imaginação, porque o ser humano existe para viver um mundo real
e nunca fictício, um mundo em construção, o que os sonhos não fazem acontecer.
Sonhar em comum, como
deve ser na íntima comunhão de vida e de amor do matrimônio, constantemente
aberto ao diálogo, que possibilita a comunicação e partilha dos mesmos sonhos.
Nunca imaginar-se e nem pensar-se como dono da verdade. Se assim for, tudo o
mais na vida a dois será catastrófico, o desencanto tomará lugar do encanto,
ficando o dono da verdade vendado para não ver as necessidades e a beleza da
sua segunda asa, sua parceira, ou seu parceiro, desde o tempo de enamorados. Ficarão
privados de ver realizar os sonhos que poderiam estar em comum e que não
estarão, diante de um monstro fabuloso, com cabeça de leão, corpo de cabra e
calda de dragão, isto é, sonhos irrealizáveis. Ser dono da verdade, nunca, porque
será uma sensação que afasta e impede a felicidade. Eis, pois!