Conheceram-se casualmente, em uma
festa de passagem de ano. Ele, com 22 anos de idade, ainda cursando Faculdade
de Medicina, namorara por cerca de três anos e ficara noivo por dois. Foram
cinco anos de uma convivência desastrosa, porque tumultuada por constantes
desentendimentos, tudo motivado por um egoísmo desenfreado e ciúme doentio
dele, mas também um tempo em que “ficaram”, para usar expressão hoje já
consagrada pelos mais jovens. Por fim, tudo acabou. Ela, 21 anos de idade,
também cursando Faculdade de Psicologia, namora por algum tempo um colega de
turma, posteriormente, desistiu deste, ficou conhecendo o amigo do amigo e, sem
saber explicar se era namoro ou se também somente “ficaram”, assim passou um
tempo de sua vida, nesta inter-relação promíscua. Mas, nada com compromisso.
Tudo acabou em nada.
Ele
ficara entusiasmado com a descoberta da garota que lhe foi apresentada por
amigos, trocaram entre si telefone e, alguns dias depois, sentindo que ela
também ficara deslumbrada, ligou e combinaram se encontrar e juntos irem ao
shoping. Ela, emocionada, quase pôs o coração pela boca. Ele traçou planos de
como aconteceria o primeiro encontro somente os dois, sem os amigos e olhos
para admirar ou fulminá-los de inveja ou coisa semelhante. Bastante emocionante
o encontro, os corações dispararam como acontece com dois adolescentes que se
encontram e “ficam” pela primeira vez. As palavras lhes faltaram pela emoção.
Deste encontro nasceu um namoro que durou um ano de muitas emoções fortes e
delirantes. Algumas briguinhas e pequenos desentendimentos, coisas de
namorados. Seis meses depois começaram as fortes intimidades e numa delas de
maior intensidade, ela ficou grávida. Um tremendo susto para quem ainda não
tinha terminado seus estudos universitários, assim como ele, ambos ainda sem
colocação ou um posto de trabalho. Ele, logo sugeriu o aborto, o que ela jamais
admitiu, felizmente.
Comunicar
aos pais e demais parentes? Decidiram que cada um faria aos próprios pais e
demais familiares. Gostaria fosse verdade que ambos se decidissem junta
comunicar, mas, infelizmente não.
O
pai dele apenas lhe disse que agora tinha uma grande responsabilidade e que a assumisse
como achasse melhor, mas que assumisse. A mãe preferiu dizer que não gostava da
namorada e a achava “exibida e metida”.
Ante
a pressão da mãe dela, o pai nada disse, não admitia ter uma filha mãe solteira
e, também porque se casando com um futuro Médico, um bom partido, resolveram
pela celebração do matrimônio. Gostaria também que isso não fosse verdade.
Sem se conhecerem, foram para a celebração do matrimônio, muitas flores,
arranjos para todo lado na igreja, coral da Capital, em razão de uma gravidez
irresponsável e incerto quanto ao amor capaz de fundamentar e sustentar o
matrimônio.
Lua de mel por quinze dias em Camburiu e
retornados que foram, começaram de direito a vida matrimonial. Ela estagiando
dia todo e à noite na Faculdade. Ele cursando o último ano de Medicina, durante
o dia estagiando e à noite, na Faculdade. Prematuro, aos sete meses, nasceu
Vitor. Nos primeiros trinta dias, ela cuidou e o amamentou, quase não via
o amor de sua vida. Depois, a avó materna cuidava e dava mamadeira. Assim
viveram por cerca de um ano e seis meses e terminados ambos os estudos
universitários, começaram de fato a vida matrimonial.
Logo
vieram as primeiras rusgas, que com o passar do tempo cresceram e se tornaram
arestas inquebráveis. Não se adaptaram à vida de casados. Três anos casados,
ele insatisfeito, se envolveu com uma colega de trabalho. Ela decepcionada e
frustrada com o casamento, sentindo frieza da parte dele, procurou a Justiça e
requereu a separação judicial.
Pressão da mãe dela, não queria filha mãe
solteira. Para a mãe dele ela era “metida e exibida”. Não se conheciam
suficientemente, sem estrutura naquela oportunidade para a vida a dois, sem
tempo um para o outro, morando com os pais dela, sem privacidade. Incertos quanto
ao amor que alimentavam um pelo outro. Todas vicissitudes adversas.
Um casamento que jamais devia ter sido
celebrado, por isso, nem existiu. A história retro é fictícia. Trata-se apenas
de uma síntese dos muitos casos de matrimônios fracassados e que marcam as
pessoas para o resto da vida. Por certo, não foi e nem será este o modelo de
matrimônio projetado por Deus nas origens. O amor que une marido e mulher no
projeto divino não emerge como passageiro e transitório, mas como um
compromisso perpétuo e exclusivo, indivisível, a exemplo do que exprime o
Apóstolo Paulo, como símbolo da união entre Cristo e a Igreja. Uma aliança
inquebrantável. Eis, pois!
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