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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

VICISSITUDES ADVERSAS



Conheceram-se casualmente, em uma festa de passagem de ano. Ele, com 22 anos de idade, ainda cursando Faculdade de Medicina, namorara por cerca de três anos e ficara noivo por dois. Foram cinco anos de uma convivência desastrosa, porque tumultuada por constantes desentendimentos, tudo motivado por um egoísmo desenfreado e ciúme doentio dele, mas também um tempo em que “ficaram”, para usar expressão hoje já consagrada pelos mais jovens. Por fim, tudo acabou. Ela, 21 anos de idade, também cursando Faculdade de Psicologia, namora por algum tempo um colega de turma, posteriormente, desistiu deste, ficou conhecendo o amigo do amigo e, sem saber explicar se era namoro ou se também somente “ficaram”, assim passou um tempo de sua vida, nesta inter-relação promíscua. Mas, nada com compromisso. Tudo acabou em nada.

 Ele ficara entusiasmado com a descoberta da garota que lhe foi apresentada por amigos, trocaram entre si telefone e, alguns dias depois, sentindo que ela também ficara deslumbrada, ligou e combinaram se encontrar e juntos irem ao shoping. Ela, emocionada, quase pôs o coração pela boca. Ele traçou planos de como aconteceria o primeiro encontro somente os dois, sem os amigos e olhos para admirar ou fulminá-los de inveja ou coisa semelhante. Bastante emocionante o encontro, os corações dispararam como acontece com dois adolescentes que se encontram e “ficam” pela primeira vez. As palavras lhes faltaram pela emoção. Deste encontro nasceu um namoro que durou um ano de muitas emoções fortes e delirantes. Algumas briguinhas e pequenos desentendimentos, coisas de namorados. Seis meses depois começaram as fortes intimidades e numa delas de maior intensidade, ela ficou grávida. Um tremendo susto para quem ainda não tinha terminado seus estudos universitários, assim como ele, ambos ainda sem colocação ou um posto de trabalho. Ele, logo sugeriu o aborto, o que ela jamais admitiu, felizmente.

 Comunicar aos pais e demais parentes? Decidiram que cada um faria aos próprios pais e demais familiares. Gostaria fosse verdade que ambos se decidissem junta comunicar, mas, infelizmente não. 

 O pai dele apenas lhe disse que agora tinha uma grande responsabilidade e que a assumisse como achasse melhor, mas que assumisse. A mãe preferiu dizer que não gostava da namorada e a achava “exibida e metida”.

 Ante a pressão da mãe dela, o pai nada disse, não admitia ter uma filha mãe solteira e, também porque se casando com um futuro Médico, um bom partido, resolveram pela celebração do matrimônio. Gostaria também que isso não fosse verdade.  Sem se conhecerem, foram para a celebração do matrimônio, muitas flores, arranjos para todo lado na igreja, coral da Capital, em razão de uma gravidez irresponsável e incerto quanto ao amor capaz de fundamentar e sustentar o matrimônio. 

  Lua de mel por quinze dias em Camburiu e retornados que foram, começaram de direito a vida matrimonial. Ela estagiando dia todo e à noite na Faculdade. Ele cursando o último ano de Medicina, durante o dia estagiando e à noite, na Faculdade. Prematuro, aos sete meses, nasceu Vitor.  Nos primeiros trinta dias, ela cuidou e o amamentou, quase não via o amor de sua vida. Depois, a avó materna cuidava e dava mamadeira. Assim viveram por cerca de um ano e seis meses e terminados ambos os estudos universitários, começaram de fato a vida matrimonial.

  Logo vieram as primeiras rusgas, que com o passar do tempo cresceram e se tornaram arestas inquebráveis. Não se adaptaram à vida de casados. Três anos casados, ele insatisfeito, se envolveu com uma colega de trabalho. Ela decepcionada e frustrada com o casamento, sentindo frieza da parte dele, procurou a Justiça e requereu a separação judicial.  
  Pressão da mãe dela, não queria filha mãe solteira. Para a mãe dele ela era “metida e exibida”. Não se conheciam suficientemente, sem estrutura naquela oportunidade para a vida a dois, sem tempo um para o outro, morando com os pais dela, sem privacidade. Incertos quanto ao amor que alimentavam um pelo outro. Todas vicissitudes adversas.

  Um casamento que jamais devia ter sido celebrado, por isso, nem existiu. A história retro é fictícia. Trata-se apenas de uma síntese dos muitos casos de matrimônios fracassados e que marcam as pessoas para o resto da vida. Por certo, não foi e nem será este o modelo de matrimônio projetado por Deus nas origens. O amor que une marido e mulher no projeto divino não emerge como passageiro e transitório, mas como um compromisso perpétuo e exclusivo, indivisível, a exemplo do que exprime o Apóstolo Paulo, como símbolo da união entre Cristo e a Igreja. Uma aliança inquebrantável. Eis, pois!

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