POR QUE
CASAR-SE? (Pe. Vicente F. de Lima).
CASAR-SE...?
NUNCA!
A liberdade ou a falta de liberdade
oferecem, além de algumas projeções da liberdade externa, outra projeção mais
profunda e radical, mais próxima das raízes e essência da liberdade, a liberdade
interna, ou ao contrário, a falta de liberdade interna, “enquanto que em nosso
querer e atuação não estamos determinados, nem sequer a partir de dentro, pelo
próprio ser”. Assim se exprime E. Coreth, em Qué es el hombre? Esquema de una
antropologia filosófica, texto publicado em Barcelona, Espanha, nos idos de
1976.
Para se falar de liberdade, não basta
falar de ausência de coações e violências provenientes de fora, de causa
externa. Deve-se levar em consideração também a liberdade interna e esta, muitas
vezes, ou está cerceada ou até mesmo dominada por um estado de ânimo que se
chama paixão.
A paixão pode ser comparada com uma
borboleta que se vai como veio. A ciência descobriu que uma borboleta fêmea
atrai o macho até à distância de onze quilômetros na época do cio, tamanha é a
força da atração. Não se pode dizer que com o ser humano acontece o mesmo. Entretanto,
mesmo sendo pobre o termo de comparação, ele se apresenta capaz de fazer
pensar, refletir como ser racional. Ocorre que a força da atração no ser humano
pode atuar, ora como racionalmente, isto é, põe a pessoa na qualidade e com a capacidade
de raciocínio, e aí, a razão se sobrepõe e controla a sensibilidade e as
emoções. Ou, como ser sensitivo e sujeito às emoções fortes, se deixa levar pela
paixão e, então, passa a viver sob as mesmas emoções, na maioria das vezes,
descontroladas e que não permitem raciocínio para decisões maduras e bom senso
de discernimento. Neste segundo clima ou panorama traçados, acontecem muitos
casamentos, muitos matrimônios celebrados sem que as pessoas se deem conta do
passo grave e sério que estarão dando, como a escolha de um estado de vida que
compromete a vida toda e toda a vida, porque marca e caracteriza toda a vida e
a vida toda.
Existe uma fórmula para se evitar que a
paixão, que vai embora, como veio, não seja mera paixão, não leve à celebração
de um matrimônio inconsequente, irresponsável e, por fim, desastroso? É verdade
que não existem palavras mágicas, elas só existem no ilusionismo, e muito menos
soluções prontas e acabadas. A fórmula? Perguntar-se se junto com tal paixão
existe amor. Porque paixão sem amor acaba no dia, ou na circunstância, ou na oportunidade
que for embora, como veio, ou como a borboleta que se foi como veio, ou mesmo,
se foi por mera atração.
Quando se descobre iludido, ilusão
advinda de matrimônio celebrado por pura paixão, sem amor, aí, aquilo que os
dicionários definem ou explicam como sendo ato de enganar, logro, desilusão, ou
seja, decepção, nada mais que perda de ilusão, efeito de desiludir, a
frustração será o efeito imediato e, quem sabe, muito sofrimento e paixão invertida.
Matrimônio celebrado por pura paixão, sem que exista amor, produz profundas
marcas, no ânimo, na alma, no coração.
O raciocínio pode parecer de um universo
irreal, que não acontecem para muitos. Para muitos que nunca passaram pelo
infortúnio de um matrimônio de final trágico. E mais ainda, para quem se
encontra em estado de pura paixão por outra pessoa. Entretanto, a pura verdade
é que a paixão cega a mente das pessoas de tal sorte, que não veem e não
percebem o processo que dentro de si se desenvolveu tão rapidamente. Ou seja,
um raciocínio produzido por puro sentimento, sem a razão. E por outro lado, tal
processo impede as pessoas de ouvir terceiros, que tentam abrir os olhos da
mente para o domínio de uma avassaladora paixão. Paixão que toma conta do
inteiro universo vital ou da toda existência, momentaneamente.
Matrimônio por pura paixão, sem amor...?
Nunca! Casamento sem amor é sinônimo de decepção e frustração, porque só o amor
é capaz de produzir o equilíbrio da paixão e não permitir que esta suprima a
liberdade interna, essencial para uma decisão madura. Eis, Pois!
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