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sábado, 17 de janeiro de 2015

O AMOR AO PRÓXIMO

O AMOR AO PRÓXIMO


Para falar de amor ao próximo, temos que buscar na Sagrada Escritura a inspiração e a luz.


            São João interpretando o coração, o sentimento e o ensinamento de Jesus diz: “... o que ama o seu irmão permanece na luz e nele não há ocasião de queda...” (1Jo 2,10). “... Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o início: que nos amemos uns aos outros... aquele que não ama permanece na morte...” (1Jo 3,11 e 14). Diz mais: “... Filhinhos, não amemos de palavras nem com a língua, mas por ações e em verdade...” (1Jo 3,18). Jesus “... levanta-se da mesa, depõe o manto e, tomando uma toalha, cinge-se com ela. Depois coloca água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e começa a enxugá-los com a toalha com estava cingido...”.

Eis aqui a inspiração e a luz. Iluminados e inspirados pela Palavra Divina, temos que nos tornar anjos do amor ao próximo. E os anjos do amor ao próximo devem estar abertos para as pessoas que estão ao seu redor. Como anjos percebem quando as pessoas precisam de sua ajuda. Surgem na hora certa, sem pensar muito a respeito de suas boas ações. Estão prontos a intervir onde for necessário. E o pressuposto para sua intervenção é coragem de se deixar tocar e até ferir pelos outros, pois, nem sempre é fácil ajudar alguém cheio de amargura e fúria. Quando age como anjo do amor ao próximo ele se enche de energia positiva e se torna forte para amar. Lembremo-nos do ensinamento de Jesus que disse: “Amar o próximo como a si mesmo”. E a medida do amor ao próximo é o amor próprio. Que se ama muito terá uma medida grande de amor ao próximo; mas, quem se ama pouco, terá uma pequena medida de amor ao outro, ao semelhante. Só podemos amar o próximo quando lidamos bem conosco mesmos.

Muitos querem, com seu amor ao próximo, apenas aplacar uma consciência pesada. Outros não se dão o direito a nada. Têm medo de confessar suas necessidades e viver. Neles o amor ao próximo torna-se apenas uma ideologização de sua postura auto-agressiva de não poderem se permitir a nada. Estas formas de amor ao próximo não são para uma ajuda verdadeira. A vítima de tal amor ao próximo sente-se cobrada, tratada como objeto. Tem a sensação de que deve ser grata por isso o resto da vida, de que é dependente de quem a ajudou. O próprio amor quer nos mostrar que temos de nos tornar sensíveis para o próximo que precisa de nós naquele exato momento em que somos tocados.

Perceber, imaginar, ouvir e se dirigir ao outro são atitudes próprias de quem sabe o que é o amor, tem amor próprio e dispõe-se de amor suficiente para dar ao outro aquilo de que ele precisa. Muitas vezes, é necessário abrir os olhos e olhar ao redor, com sentimentos de amor para ver o outro e também perceber a sua solicitação de ajuda. Só o amor pode impulsionar-nos para ir ao encontro do outro. Só o amor nos move para estabelecer com o outro uma inter-relação de afeto, carinho e zelo. Só o amor pode e tem energia suficiente para que permaneçamos de olhos abertos na luz. As nossas ações revelam quem somos nós. Se formos capazes de cingir uma toalha e com uma bacia e água lavarmos os pés uns dos outros, aí sim, o amor em nós se torna vida, em contraposição à morte. Vejam a importância que tem estar cingido com uma toalha: significa que ela faz parte do nosso ser íntimo. Foi isso que Jesus quis dizer quando se cingiu com uma toalha. Pode-se pensar que a tolha está no local onde temos um colo. Colo significa afeto, carinho, atenção, zelo, preocupação pelo outro, com o outro. Esta ação do colo deve se tornar um sinal verdadeiro de que o amor ao próximo não pode ser uma mentira, mas uma verdade que está dentro de nós e que faz parte do nosso ser. Os que se casam foram selados desta forma.
O amor afeto que faz parte da vida conjugal cada um tem dentro de si, já não pode ser mais condividido com outro, a não ser com os filhos, frutos deste amor infundido no coração. Neste sentido, o amor ao próximo pode e deve ser entendido como doação total do seu ser íntimo em ações concretas e dinâmicas, no dia a dia. Para os outros, generosa dedicação e ajuda, para o próprio cônjuge, entrega total num dar e receber e, para si mesmo, verdadeira felicidade que brota da alegria do bem que fez a quem necessitava.

Divinópolis, 16 de abril de 2013.

Pe. Vicente Ferreira de Lima

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