O AMOR AO PRÓXIMO
Para falar de amor ao próximo,
temos que buscar na Sagrada Escritura a inspiração e a luz.
São João interpretando o coração, o sentimento e o ensinamento de Jesus
diz: “... o que ama o seu irmão permanece na luz e nele não há ocasião de
queda...” (1Jo 2,10). “... Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o
início: que nos amemos uns aos outros... aquele que não ama permanece na
morte...” (1Jo 3,11 e 14). Diz mais: “... Filhinhos, não amemos de palavras nem
com a língua, mas por ações e em verdade...” (1Jo 3,18). Jesus “... levanta-se
da mesa, depõe o manto e, tomando uma toalha, cinge-se com ela. Depois coloca
água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e começa a enxugá-los
com a toalha com estava cingido...”.
Eis
aqui a inspiração e a luz. Iluminados e inspirados pela Palavra Divina, temos
que nos tornar anjos do amor ao próximo. E os anjos do amor ao próximo devem
estar abertos para as pessoas que estão ao seu redor. Como anjos percebem
quando as pessoas precisam de sua ajuda. Surgem na hora certa, sem pensar muito
a respeito de suas boas ações. Estão prontos a intervir onde for necessário. E
o pressuposto para sua intervenção é coragem de se deixar tocar e até ferir
pelos outros, pois, nem sempre é fácil ajudar alguém cheio de amargura e fúria.
Quando age como anjo do amor ao próximo ele se enche de energia positiva e se
torna forte para amar. Lembremo-nos do ensinamento de Jesus que disse: “Amar o
próximo como a si mesmo”. E a medida do amor ao próximo é o amor próprio. Que
se ama muito terá uma medida grande de amor ao próximo; mas, quem se ama pouco,
terá uma pequena medida de amor ao outro, ao semelhante. Só podemos amar o
próximo quando lidamos bem conosco mesmos.
Muitos
querem, com seu amor ao próximo, apenas aplacar uma consciência pesada. Outros
não se dão o direito a nada. Têm medo de confessar suas necessidades e viver.
Neles o amor ao próximo torna-se apenas uma ideologização de sua postura
auto-agressiva de não poderem se permitir a nada. Estas formas de amor ao próximo
não são para uma ajuda verdadeira. A vítima de tal amor ao próximo sente-se cobrada,
tratada como objeto. Tem a sensação de que deve ser grata por isso o resto da
vida, de que é dependente de quem a ajudou. O próprio amor quer nos mostrar que
temos de nos tornar sensíveis para o próximo que precisa de nós naquele exato
momento em que somos tocados.
Perceber,
imaginar, ouvir e se dirigir ao outro são atitudes próprias de quem sabe o que
é o amor, tem amor próprio e dispõe-se de amor suficiente para dar ao outro
aquilo de que ele precisa. Muitas vezes, é necessário abrir os olhos e olhar ao
redor, com sentimentos de amor para ver o outro e também perceber a sua
solicitação de ajuda. Só o amor pode impulsionar-nos para ir ao encontro do outro.
Só o amor nos move para estabelecer com o outro uma inter-relação de afeto,
carinho e zelo. Só o amor pode e tem energia suficiente para que permaneçamos
de olhos abertos na luz. As nossas ações revelam quem somos nós. Se formos
capazes de cingir uma toalha e com uma bacia e água lavarmos os pés uns dos
outros, aí sim, o amor em nós se torna vida, em contraposição à morte. Vejam a
importância que tem estar cingido com uma toalha: significa que ela faz parte
do nosso ser íntimo. Foi isso que Jesus quis dizer quando se cingiu com uma toalha.
Pode-se pensar que a tolha está no local onde temos um colo. Colo significa
afeto, carinho, atenção, zelo, preocupação pelo outro, com o outro. Esta ação
do colo deve se tornar um sinal verdadeiro de que o amor ao próximo não pode
ser uma mentira, mas uma verdade que está dentro de nós e que faz parte do
nosso ser. Os que se casam foram selados desta forma.
O
amor afeto que faz parte da vida conjugal cada um tem dentro de si, já não pode
ser mais condividido com outro, a não ser com os filhos, frutos deste amor
infundido no coração. Neste sentido, o amor ao próximo pode e deve ser
entendido como doação total do seu ser íntimo em ações concretas e dinâmicas,
no dia a dia. Para os outros, generosa dedicação e ajuda, para o próprio
cônjuge, entrega total num dar e receber e, para si mesmo, verdadeira
felicidade que brota da alegria do bem que fez a quem necessitava.
Divinópolis, 16 de abril de 2013.
Pe. Vicente Ferreira de Lima
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