
Nos seres humanos
constata-se que, porque dotados de atributos especiais e excepcionais, como a
inteligência e a vontade, elementos que os distinguem dos outros seres vivos,
há algo mais, que naturalmente cresce, produzindo movimento, dinamicidade, mais
palpável e melhor perceptível. Um fenômeno que se mostra e que não se pode
negar.
Quando o Senhor
Deus criou os seres humanos, dotou-os da magnífica capacidade para crescer e
multiplicar, infundindo-lhes, ainda mais, a tendência para desenvolver um
movimento acelerado mais além do que os outros seres vivos.
O casamento,
criado pelo Senhor Deus nas origens, foi constituído para dar evasão e
seguimento ao crescimento e multiplicação da espécie, mas não só, também para
aperfeiçoar os atributos e qualidades próprias do ser humano.
Os humanos tendem
sempre à interrelação pessoal, porque seres sociáveis, mas dotados também
da capacidade e abertura para a interrelação de amizade e irmandade.
Inegavelmente, o
amor constitui a base e o fundamento para a interrelação pessoal ou para a
aliança, o pacto que homem e mulher celebram entre si, o casamento e para os
cristãos, o sacramento do matrimônio.
Diz um notável
cientista das ciências humanas, que observou e estudou o comportamento humano
ao longo de sua vida e muito escreveu sobre a matéria, que a amizade é a
preocupação ativa pela vida e o crescimento de quem se ama. Pois bem, não só o
amor, mas também a amizade deve constituir comportamento e atitude dentro do
casamento. Sim, a amizade tem origem desde que passam se conhecer, homem e
mulher, com vistas à celebração do matrimônio. Gestos e palavras compõem e
devem compor a convivência na interrelação. Amizade que faz o outro crescer e
tornar-se, cada vez mais, um bem para si e para o amado ou a amada. Obviamente,
não se pode negar, que o amor sem a amizade, será apenas coleguismo. Estará
desprovido de uma força que somente ela, a amizade, pode proporcionar. Por uma
afeição diferente. Por um afeto sem interesse. Por gentilezas de gestos que
somente a própria amizade conhece. Pode-se dizer, que os poetas e escritores,
que tanto escreveram sobre o tema da amizade, nos legaram adágios que nunca
mais desaparecerão da história e da vida, tal como: “Tu de tornas absolutamente
responsável por aquilo que cativas”, ou, “amizade é sempre demonstrar eterno
amor pela pessoa por quem se sente atraída pelas qualidades que revela e pela
satisfação da convivência que proporcionam”. Por certo, que para os cônjuges,
isto e muito mais, fará e terá sempre grande sentido e importância, porque, sem
a amizade, será impossível uma interreção pessoal duradoura e eternamente feliz.
Sem ser parente, o
homem e a mulher no casamento, vivem uma verdadeira irmandade. Não que devam
viver como irmãos, mas pela interrelação que cultivam e pela convivência a que
devem tender sempre, à duração perpétua e exclusiva. Com certeza, o amor de
irmão está incluído na interrelação pessoal. Faz parte integrante da
interrelação pessoal, também na convivência dos cônjuges, sem que o sejam
irmãos de sangue, mas que assim vivam, porque a vida matrimonial, no seu todo,
requer que assim seja.
Tem absoluto
sentido a palavra do Senhor Deus, quando pôs Eva diante do primeiro pai, Adão e
este, incontido e extremamente surprezo, afirmou: “Agora sim, esta é osso de
meus ossos e carne de minha carne”. E cada um adotou o outro, com amizade e na
irmandade.
A Revolução
Francesa, evento histórico da mais alta envergadura e que marcou a história da
civilização ocidental até o presente, eclodiu no ano de 1789.
A sociedade de então, já sentia há anos um forte anseio
de renovação e partindo de mudanças do estado em que se encontrava. A grande
massa da população relegada ao estado de subserviência desejosa de ver seus
direitos em evidência se contrapunha à burguesia que mergulhada na estagnação da
exploração da classe subserviente, tudo empreendia, na determinação de manter o
status quo, ou seja, conservação dos privilégios conquistados e adquiridos ao
longo dos últimos cerca de dez decênios. A grande massa que a própria
Revolução, com seus líderes nomearam com o designativo de Plebe, assentou seus
fundamentos na inigualável e, diria, quase perfeita trilogia: igualdade,
liberdade e fraternidade. É verdade que a Revolução Francesa não eclodiu de um
dia para o outro como movimento de massa. Diversas circunstâncias foram criando
o clima para que emergisse uma revolta popular que pôs fim ao regime monárquico
autoritário e despótico na França. Sem sombra de dúvida que trouxe o movimento
e a própria revolução trouxeram grandes conquistas para o povo, em que pese a
ocorrência de fatos e acontecimentos nada louváveis que mancharam os ideais
revolucionários que visavam o estabelecimento de um estado com bases
democráticas.
Além da trilogia
igualdade, liberdade e fraternidade, tinha a referida revolução o ideal de
restabelecer também a família, dando ao casamento seu lugar de destaque, como
base e fundamento daquela.
Ao longo das décadas que se seguiram à
revolução, inegavelmente, muito contribuiu para melhora das condições de vida
do povo a restauração das bases do casamento e da família. Porém, uma inusitada
curiosidade impediu que a revolução completasse seu nobre ideal. Os executores
da revolução acabaram por relegar ao segundo plano um dos princípios da
trilogia, a fraternidade. É o que se vê na atualidade como constatação dos
efeitos da Revolução. Eis, pois!
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