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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

AMIZADE E IRMANDADE

A vida e qualquer vida possuem em si uma dinâmica própria de todos os viventes, porque nela existe sempre um movimento animado pela própria natureza. Há uma interminável inclinação para ascender em quantidade e qualidade, seja no íntimo de si, que na externalidade, constante desabrochar de vivacidade. Todos os seres animados crescem e se reproduzem, desenvolvem-se, de acordo com a própria natureza.
 
Nos seres humanos constata-se que, porque dotados de atributos especiais e excepcionais, como a inteligência e a vontade, elementos que os distinguem dos outros seres vivos, há algo mais, que naturalmente cresce, produzindo movimento, dinamicidade, mais palpável e melhor perceptível. Um fenômeno que se mostra e que não se pode negar.


Quando o Senhor Deus criou os seres humanos, dotou-os da magnífica capacidade para crescer e multiplicar, infundindo-lhes, ainda mais, a tendência para desenvolver um movimento acelerado mais além do que os outros seres vivos.


O casamento, criado pelo Senhor Deus nas origens, foi constituído para dar evasão e seguimento ao crescimento e multiplicação da espécie, mas não só, também para aperfeiçoar os atributos e qualidades próprias do ser humano.


Os humanos tendem sempre à interrelação pessoal, porque seres sociáveis, mas  dotados também da capacidade e abertura para a interrelação de amizade e irmandade.


Inegavelmente, o amor constitui a base e o fundamento para a interrelação pessoal ou para a aliança, o pacto que homem e mulher celebram entre si, o casamento e para os cristãos, o sacramento do matrimônio.


Diz um notável cientista das ciências humanas, que observou e estudou o comportamento humano ao longo de sua vida e muito escreveu sobre a matéria, que a amizade é a preocupação ativa pela vida e o crescimento de quem se ama. Pois bem, não só o amor, mas também a amizade deve constituir comportamento e atitude dentro do casamento. Sim, a amizade tem origem desde que passam se conhecer, homem e mulher, com vistas à celebração do matrimônio. Gestos e palavras compõem e devem compor a convivência na interrelação. Amizade que faz o outro crescer e tornar-se, cada vez mais, um bem para si e para o amado ou a amada. Obviamente, não se pode negar, que o amor sem a amizade, será apenas coleguismo. Estará desprovido de uma força que somente ela, a amizade, pode proporcionar. Por uma afeição diferente. Por um afeto sem interesse. Por gentilezas de gestos que somente a própria amizade conhece. Pode-se dizer, que os poetas e escritores, que tanto escreveram sobre o tema da amizade, nos legaram adágios que nunca mais desaparecerão da história e da vida, tal como: “Tu de tornas absolutamente responsável por aquilo que cativas”, ou, “amizade é sempre demonstrar eterno amor pela pessoa por quem se sente atraída pelas qualidades que revela e pela satisfação da convivência que proporcionam”. Por certo, que para os cônjuges, isto e muito mais, fará e terá sempre grande sentido e importância, porque, sem a amizade, será impossível uma interreção pessoal duradoura e eternamente feliz.


Sem ser parente, o homem e a mulher no casamento, vivem uma verdadeira irmandade. Não que devam viver como irmãos, mas pela interrelação que cultivam e pela convivência a que devem tender sempre, à duração perpétua e exclusiva. Com certeza, o amor de irmão está incluído na interrelação pessoal. Faz parte integrante da interrelação pessoal, também na convivência dos cônjuges, sem que o sejam irmãos de sangue, mas que assim vivam, porque a vida matrimonial, no seu todo, requer que assim seja.


Tem absoluto sentido a palavra do Senhor Deus, quando pôs Eva diante do primeiro pai, Adão e este, incontido e extremamente surprezo, afirmou: “Agora sim, esta é osso de meus ossos e carne de minha carne”. E cada um adotou o outro, com amizade e na irmandade.


A Revolução Francesa, evento histórico da mais alta envergadura e que marcou a história da civilização ocidental até o presente, eclodiu no ano de 1789. A sociedade de então, já sentia há anos um forte anseio de renovação e partindo de mudanças do estado em que se encontrava. A grande massa da população relegada ao estado de subserviência desejosa de ver seus direitos em evidência se contrapunha à burguesia que mergulhada na estagnação da exploração da classe subserviente, tudo empreendia, na determinação de manter o status quo, ou seja, conservação dos privilégios conquistados e adquiridos ao longo dos últimos cerca de dez decênios. A grande massa que a própria Revolução, com seus líderes nomearam com o designativo de Plebe, assentou seus fundamentos na inigualável e, diria, quase perfeita trilogia: igualdade, liberdade e fraternidade. É verdade que a Revolução Francesa não eclodiu de um dia para o outro como movimento de massa. Diversas circunstâncias foram criando o clima para que emergisse uma revolta popular que pôs fim ao regime monárquico autoritário e despótico na França. Sem sombra de dúvida que trouxe o movimento e a própria revolução trouxeram grandes conquistas para o povo, em que pese a ocorrência de fatos e acontecimentos nada louváveis que mancharam os ideais revolucionários que visavam o estabelecimento de um estado com bases democráticas.

Além da trilogia igualdade, liberdade e fraternidade, tinha a referida revolução o ideal de restabelecer também a família, dando ao casamento seu lugar de destaque, como base e fundamento daquela.


 Ao longo das décadas que se seguiram à revolução, inegavelmente, muito contribuiu para melhora das condições de vida do povo a restauração das bases do casamento e da família. Porém, uma inusitada curiosidade impediu que a revolução completasse seu nobre ideal. Os executores da revolução acabaram por relegar ao segundo plano um dos princípios da trilogia, a fraternidade. É o que se vê na atualidade como constatação dos efeitos da Revolução. Eis, pois!

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