
Tinha
quinze anos de idade quando o conheceu. Ele tinha rosto de menino e cabeça de
adolescente, com apenas 16 anos. Viam-se no colégio, onde ela cursava a
primeira série do Ensino Médio e ele a segunda, mas de turmas diferentes. Ela
comentava sempre com uma colega de turma, tida como sua irmã e falava dele como
seu príncipe encantado. Sentia louca paixão por ele, porém, ele estava
interessado numa colega de sala que não lhe dava a mínima.
Festa
da cidade, noite de início de inverno, ambos de família simples, tiveram a
primeira oportunidade de se encontrarem e, poucos minutos depois, já estavam
aos beijos a abraços, ela louca paixão e ele louca atração. E assim, mesmo a
contra gosto dos pais, iniciaram uma inter-relação de “ficar”, na qual, dia
após dia, esqueceram os amigos, ele os seus, ela até mesmo a colega tida como
irmã. Grudados um no outro de louca paixão, louca atração por menos de um ano,
ora na casa dos pais dela, ora na dele. O pai dela continuou com as restrições
de tempo e lugar para o namoro que visualizava como avançado e inaceitável.
Mas, falar pouco resolvia e manifestar-se contrário tornava-se um pesadelo. De
repente, ausência da menstruação de três meses, com enjôo e apetite redobrada.
Comentou com a mãe e esta logo entendeu que seria avó em
breve. Exame ginecológico imediato trouxe como resultado
gravidez de quatro meses. E agora, ela com dezesseis anos de idade, grávida.
Contar para o pai? O rapaz, com dezessete, soube por primeiro, abandonou os
estudos, eufórico, contou para os amigos que ia ser pai e casar. Desempregado,
sem qualificação, arranjou um emprego numa serraria, ganhando um mínimo.
A
reação do pai foi violenta. Trancou-se para a filha durante quinze dias e,
procurado pelos pais do rapaz, respondeu apenas, que se não se casassem, o
rapaz nunca veria o filho também porque não admitia ter em casa uma filha mãe
solteira.
Logo,
as duas mães dos adolescentes trataram de arranjar meios para a celebração do
contrato civil do casamento e a celebração do matrimônio na Igreja e que fosse
o padre o assistente eclesiástico, testemunha qualificada para o matrimônio,
ministro leigo, não servia. O pai dela queria a celebração do matrimônio, mas
não quis se submeter à vergonha de ter que assinar em juízo pela supressão de
idade. Então, celebração do contrato civil do casamento depois, matrimônio na
igreja com pressa, para não aparecer a gravidez, até mesmo com assistente
eclesiástico uma testemunha qualificada, isto é, um leigo preparado para tal
ministério.
Casados,
foram morar num barraco nos fundos da casa dos pais dela. Ele durante o dia
trabalhava e ela em casa. À noite, ele em casa, ela no Colégio dando
continuidade aos estudos da Escola Média. Ele, vez ou outra, chegava a casa
mais tarde que de costume. Com seus colegas de infância e de colégio, paravam
no Bar Bola Cheia. Conversa vai, cerveja vem, os dias se tornaram poucos para
se encontrar com os amigos no Bar Cheio de Bola. E, da Serraria onde trabalhava
para casa, às vezes, chegava a sua casa madrugada rolando. Tornou-se alcoólatra,
o trabalho na Serraria não mais rendia. Inquirido por ela por que das
madrugadas rolando, bafo de álcool emitindo, dizia estar a conversar com seus
amigos. Pouco depois, sadio e cheio de vida nasceu Vitório, que ele nem viu,
porque se divertia noite adentro com seus amigos. O orgulho de antes, se
transformara em pesadelo de mais uma boca para alimentar, com o mínimo que
ganhava. Da louca paixão e louca atração, aos desentendimentos até chegar às
vias de fato, isto é, aos tapas.
Este
caso também é fictício. Casamentos como estes jamais podiam ser celebrados. Um
casamento de dois adolescentes absolutamente despreparados, imaturos ou sem
juízo, tanto que não tiveram estrutura suficiente para se manterem na
constância matrimonial. Em casos como estes, será que cabe o argumento de que o
que Deus uniu o homem não separe? Por certo, que não. Deus não poderá ter unido
alguém que não tinha capacidade para celebrar um contrato tão sério e grave
como o é o sacramento do matrimônio. Improvável e impensável uma aliança
matrimonial inconsequente e irresponsável como nestes casos. Eis, pois!
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