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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

DEPOIS DE MUITO...



Tinha quinze anos de idade quando o conheceu. Ele tinha rosto de menino e cabeça de adolescente, com apenas 16 anos. Viam-se no colégio, onde ela cursava a primeira série do Ensino Médio e ele a segunda, mas de turmas diferentes. Ela comentava sempre com uma colega de turma, tida como sua irmã e falava dele como seu príncipe encantado. Sentia louca paixão por ele, porém, ele estava interessado numa colega de sala que não lhe dava a mínima.
 
Festa da cidade, noite de início de inverno, ambos de família simples, tiveram a primeira oportunidade de se encontrarem e, poucos minutos depois, já estavam aos beijos a abraços, ela louca paixão e ele louca atração. E assim, mesmo a contra gosto dos pais, iniciaram uma inter-relação de “ficar”, na qual, dia após dia, esqueceram os amigos, ele os seus, ela até mesmo a colega tida como irmã. Grudados um no outro de louca paixão, louca atração por menos de um ano, ora na casa dos pais dela, ora na dele. O pai dela continuou com as restrições de tempo e lugar para o namoro que visualizava como avançado e inaceitável. Mas, falar pouco resolvia e manifestar-se contrário tornava-se um pesadelo. De repente, ausência da menstruação de três meses, com enjôo e apetite redobrada. Comentou com a mãe e esta logo entendeu que seria avó em breve. Exame ginecológico imediato trouxe como resultado gravidez de quatro meses. E agora, ela com dezesseis anos de idade, grávida. Contar para o pai? O rapaz, com dezessete, soube por primeiro, abandonou os estudos, eufórico, contou para os amigos que ia ser pai e casar. Desempregado, sem qualificação, arranjou um emprego numa serraria, ganhando um mínimo.

A reação do pai foi violenta. Trancou-se para a filha durante quinze dias e, procurado pelos pais do rapaz, respondeu apenas, que se não se casassem, o rapaz nunca veria o filho também porque não admitia ter em casa uma filha mãe solteira.
Logo, as duas mães dos adolescentes trataram de arranjar meios para a celebração do contrato civil do casamento e a celebração do matrimônio na Igreja e que fosse o padre o assistente eclesiástico, testemunha qualificada para o matrimônio, ministro leigo, não servia. O pai dela queria a celebração do matrimônio, mas não quis se submeter à vergonha de ter que assinar em juízo pela supressão de idade. Então, celebração do contrato civil do casamento depois, matrimônio na igreja com pressa, para não aparecer a gravidez, até mesmo com assistente eclesiástico uma testemunha qualificada, isto é, um leigo preparado para tal ministério.

Casados, foram morar num barraco nos fundos da casa dos pais dela. Ele durante o dia trabalhava e ela em casa. À noite, ele em casa, ela no Colégio dando continuidade aos estudos da Escola Média. Ele, vez ou outra, chegava a casa mais tarde que de costume. Com seus colegas de infância e de colégio, paravam no Bar Bola Cheia. Conversa vai, cerveja vem, os dias se tornaram poucos para se encontrar com os amigos no Bar Cheio de Bola. E, da Serraria onde trabalhava para casa, às vezes, chegava a sua casa madrugada rolando. Tornou-se alcoólatra, o trabalho na Serraria não mais rendia. Inquirido por ela por que das madrugadas rolando, bafo de álcool emitindo, dizia estar a conversar com seus amigos. Pouco depois, sadio e cheio de vida nasceu Vitório, que ele nem viu, porque se divertia noite adentro com seus amigos. O orgulho de antes, se transformara em pesadelo de mais uma boca para alimentar, com o mínimo que ganhava. Da louca paixão e louca atração, aos desentendimentos até chegar às vias de fato, isto é, aos tapas.

Este caso também é fictício. Casamentos como estes jamais podiam ser celebrados. Um casamento de dois adolescentes absolutamente despreparados, imaturos ou sem juízo, tanto que não tiveram estrutura suficiente para se manterem na constância matrimonial. Em casos como estes, será que cabe o argumento de que o que Deus uniu o homem não separe? Por certo, que não. Deus não poderá ter unido alguém que não tinha capacidade para celebrar um contrato tão sério e grave como o é o sacramento do matrimônio. Improvável e impensável uma aliança matrimonial inconsequente e irresponsável como nestes casos. Eis, pois!

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