“Quem de vós, querendo edificar uma torre, antes
não se senta para calcular os gastos que são necessários a fim de ver se tem
com que acabá-la? ” (Lc 14,28)
O
casamento instituído por Deus no início da criação o foi por um projeto
imaginado por ele para dar o melhor ao ser humano. Obviamente, Deus o instituiu
com fins bem determinados, mas, sobretudo, o fez para que o ser humano
atingisse a felicidade e fosse essa um modo de viver. E o casamento pode ser comparado
a uma torre a ser edificada, mas que tem custos que só trarão vantagens se os
cálculos forem reais e não sonhos e fantasias.
O
casamento tem suas bases e fundamentos no que se convencionou chamar de namoro
e, posteriormente, de noivado.
É
verdade que o namoro acontece repleto de romance, sonhos e muitas emoções
fortes levados pelo que o ser humano tem como de mais nobre valor: o amor. E
não poderia ser diferente. Trata-se de um tempo propício para começar a
calcular se pode, se será possível construir esta torre, cujo fundamento maior
seja o amor de desejos, mas também não menos de um elemento sem o qual a
construção estará fadada ao total fracasso, ou seja, o compromisso. Por isso,
os cálculos não podem ser superfiais e nem equivocados. Mas cálculos com base
na realidade de duas vidas e existências desejosas de atingirem a felicidade e
fazerem dela um modo de viver. No namoro, destaca-se como argumento importante
o conhecimento mútuo, isto é, homem e mulher procuram penetrar no íntimo um do
outro e certificar-se daquilo que seja o outro com quem pretende constituir um
consórcio de toda a vida, para o bem mútuo, numa aliança em que colocam para
sempre as suas vidas em comum de forma íntima, com a mútua ajuda, a ponto de
formarem uma autêntica comunhão de vidas.
Como
se pode ver, o tempo de namoro é fundamental para a existência de duas vidas
que se tornarão, no casamento, uma só carne, um só ser, como planejado e
querido por Deus. Por certo que o cálculo para a construção desta torre requer
de cada um aquele conhecimento mútuo, de tal forma que possam avaliar e sopesar
se, de fato, poderão coexistir qualidades e defeitos que perturbem o consórcio
de toda a vida e da vida toda. Em outras palavras, se foram chamados por Deus
para constituir uma só carne, ou uma vocação à vida matrimonial, que perdure
até o fim da existência.
O
amor que fará com que se unam em matrimônio tem como condição para ser
verdadeiro, se ambos se conhecerem, inclusive avaliar se será possível conviver
suportando os defeitos e equívocos um do outro. Sem um conhecimento necessário
e claro não será possível coexistir uma torre sem o seu fundamento maior: o
amor.
Os
ciúmes doentios, as infindáveis cobranças, muitas vezes injustificadas, a
exigência de isolamento a que um possa impor ao outro no tempo de namoro, a
desconfiança, os desaforos e a mentira são desvalores que não poucas vezes
causam desgosto, dissabor e decepção. Estes levam ou conduzem à celebração de
um matrimônio que tem tudo para ser um fracasso cujo casamento, se celebrado,
marcará a ambos para o resto de suas existências.
É
verdade que o ser humano tem seus mistérios, muitas vezes insondáveis, mas é
possível um mínimo de conhecimento do outro, para assim possibilitar a
constituição de uma comunidade de vidas, a construção de uma torre sólida que
as tempestades da vida ameaçam, e nenhuma se fazer ruir. Eis, pois!
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