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sexta-feira, 18 de março de 2016

EDIFICAR UMA TORRE.



        “Quem de vós, querendo edificar uma torre, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários a fim de ver se tem com que acabá-la? ” (Lc 14,28)
                O casamento instituído por Deus no início da criação o foi por um projeto imaginado por ele para dar o melhor ao ser humano. Obviamente, Deus o instituiu com fins bem determinados, mas, sobretudo, o fez para que o ser humano atingisse a felicidade e fosse essa um modo de viver. E o casamento pode ser comparado a uma torre a ser edificada, mas que tem custos que só trarão vantagens se os cálculos forem reais e não sonhos e fantasias.
                O casamento tem suas bases e fundamentos no que se convencionou chamar de namoro e, posteriormente, de noivado.
                É verdade que o namoro acontece repleto de romance, sonhos e muitas emoções fortes levados pelo que o ser humano tem como de mais nobre valor: o amor. E não poderia ser diferente. Trata-se de um tempo propício para começar a calcular se pode, se será possível construir esta torre, cujo fundamento maior seja o amor de desejos, mas também não menos de um elemento sem o qual a construção estará fadada ao total fracasso, ou seja, o compromisso. Por isso, os cálculos não podem ser superfiais e nem equivocados. Mas cálculos com base na realidade de duas vidas e existências desejosas de atingirem a felicidade e fazerem dela um modo de viver. No namoro, destaca-se como argumento importante o conhecimento mútuo, isto é, homem e mulher procuram penetrar no íntimo um do outro e certificar-se daquilo que seja o outro com quem pretende constituir um consórcio de toda a vida, para o bem mútuo, numa aliança em que colocam para sempre as suas vidas em comum de forma íntima, com a mútua ajuda, a ponto de formarem uma autêntica comunhão de vidas.
                Como se pode ver, o tempo de namoro é fundamental para a existência de duas vidas que se tornarão, no casamento, uma só carne, um só ser, como planejado e querido por Deus. Por certo que o cálculo para a construção desta torre requer de cada um aquele conhecimento mútuo, de tal forma que possam avaliar e sopesar se, de fato, poderão coexistir qualidades e defeitos que perturbem o consórcio de toda a vida e da vida toda. Em outras palavras, se foram chamados por Deus para constituir uma só carne, ou uma vocação à vida matrimonial, que perdure até o fim da existência.
                O amor que fará com que se unam em matrimônio tem como condição para ser verdadeiro, se ambos se conhecerem, inclusive avaliar se será possível conviver suportando os defeitos e equívocos um do outro. Sem um conhecimento necessário e claro não será possível coexistir uma torre sem o seu fundamento maior: o amor.
                Os ciúmes doentios, as infindáveis cobranças, muitas vezes injustificadas, a exigência de isolamento a que um possa impor ao outro no tempo de namoro, a desconfiança, os desaforos e a mentira são desvalores que não poucas vezes causam desgosto, dissabor e decepção. Estes levam ou conduzem à celebração de um matrimônio que tem tudo para ser um fracasso cujo casamento, se celebrado, marcará a ambos para o resto de suas existências.
                É verdade que o ser humano tem seus mistérios, muitas vezes insondáveis, mas é possível um mínimo de conhecimento do outro, para assim possibilitar a constituição de uma comunidade de vidas, a construção de uma torre sólida que as tempestades da vida ameaçam, e nenhuma se fazer ruir. Eis, pois!


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