Diversos leitores já questionaram e, mais
recentemente, fui questionado. Como falar de algo que não vivo, realidade da
qual não tenho experiência?! É verdade, o casamento constitui-se em fenômeno
que nunca vivi. Solteiro e celibatário por opção, seria uma incoerência e
contra-senso vivê-lo sem tê-lo. Como também seria impossível para um mortal
cristão ser solteiro e casado ao mesmo tempo. Experiência de casado não tenho.
Pensando bem, após momentânea reflexão, atirei com a seguinte resposta: quem
disse ou pode garantir que para falar de elementos reais da vida, seja
necessária a experiência?! Quis dizer também que, embora tenha profunda
admiração pelo empirismo, não creio que o mesmo possa explicar e resolver tudo.
O conhecimento e a ciência não existem somente com base na experiência, que nem
sempre, contribui para o saber.
A inter-relação e a
interação humanas no casamento são tão ricas e plenas de conteúdo que daí advém
inspiração completada pela riqueza, também da doutrina cristã baseada no
Evangelho, anúncio de salvação.
Inter-relação humana,
conjunto de vontades, sentimentos e ideias que possibilitam a comunicação entre
as pessoas. E a interação, ação recíproca, muito mais, isto é, conjunto de
sentimentos, emoções e ideias afetivamente coincidentes. O casamento tem em si
tudo isso e por tudo isso oferece.
Muitas pessoas começam
uma inter-relação humana e desta, aprofundada, interagem e partem para o
casamento ingenuamente, convencidas de que o amor basta para superar todos os
obstáculos futuros. Ingênua convicção, grande verdade. Posteriormente,
descobrem que a vida segue um ciclo de estações, como se fosse o tempo, fazendo
aqui uma analogia com base no amor marital, que constantemente muda e se
transforma. Na verdade, primeiro a primavera, com todo o seu esplendor. A
seguir, a estação dos frutos, do crescimento, da consolidação. Logo
descobrir-se-á como a vida, e também o casamento, sofre fracassos.
Não podemos esquecer jamais a lembrança de que o amor conhece outros
momentos, outros sabores, outras expressões. A capacidade de amar deve
continuamente renovar-se.
É nessa dinâmica, que faz com que os cônjuges sejam
uma só carne, um só ser, nas perspectivas da indissolubilidade, que está o
futuro dos cônjuges. Porvir que os conduz para além de si mesmos. Só assim, a
dois, será possível um recomeçar sempre à interação, esta viagem da qual se vê
o final. Eis, pois!
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