A Revolução Francesa, evento
histórico da mais alta envergadura e que marcou a história da civilização
ocidental até o presente, eclodiu no ano de 1789. A sociedade de então, já
sentia, há anos, forte anseio de renovação, partindo de mudanças do estado em
que se encontrava. A grande massa da população relegada ao estado de subserviência,
desejosa de ver seus direitos em evidência, se contrapunha à burguesia, que
mergulhada na estagnação da exploração da classe subserviente, tudo empreendia,
na determinação de manter o status quo, ou seja, conservar os privilégios
conquistados e adquiridos ao longo dos últimos cerca de dez decênios. A grande
massa que a própria Revolução, com seus líderes, nomeara com o designativo de
Plebe, assentou seus fundamentos na inigualável e, diria, quase perfeita
trilogia: igualdade, liberdade e fraternidade. É verdade que a Revolução
Francesa não eclodiu de um dia para o outro como movimento de massa. Diversas
circunstâncias foram criando o clima para que emergisse uma revolta popular,
que pôs fim ao regime monárquico, autoritário e despótico na França. Sem sombra
de dúvida, que trouxe o movimento e a própria revolução trouxeram grandes
conquistas para o povo, em que pese a ocorrência de fatos e acontecimentos nada
louváveis, que mancharam os ideais revolucionários, que visavam o
estabelecimento de um Estado com bases democráticas.
Além da trilogia igualdade,
liberdade e fraternidade, tinha a referida revolução o ideal de restabelecer a
família, dando ao casamento seu lugar de destaque, como base e fundamento na
própria.
Ao longo das décadas que se seguiram
à revolução, inegavelmente, muito contribuiu para melhora das condições de vida
do povo a restauração das bases do casamento e da família. Porém, uma inusitada
curiosidade impediu que a revolução completasse seu nobre ideal. Os executores
da revolução acabaram por relegar ao segundo plano um dos princípios da
trilogia, a fraternidade.
O que se vê na atualidade, como
constatação dos efeitos da Revolução Francesa, foi que, a liberdade e a
igualdade, tanto na própria França, como em outras nações, onde se fizeram
sentir mais fortemente a influência dos ideais revolucionários iluminista,
brigaram entre si e nenhum dos dois princípios conseguiu os avanços que
propugnavam, exatamente porque faltou-lhes aquele princípio regulador, a
fraternidade, relegando-o ao segundo plano e, em certas circunstâncias, até levando-o
ao esquecimento. Esqueceram-se de que a fraternidade é uma condição humana,
constitui um ponto de partida, mas também algo a ser conquistado, com o
compromisso e a cooperação de todos.
Obviamente, liberdade, igualdade e
fraternidade, influenciaram ou exerceram influxo sobre todas as instituições,
de modo geral, com o objetivo dos ideais revolucionários de mudança e renovação
dos costumes, inclusive o casamento e a família, mas, com o quase esquecimento
da fraternidade, inviável restou conseguir sucesso.
A fraternidade é algo para ser
vivido E só pode ser compreendida se a viver e for vivenciada, e, só não foi
compreendida pelos revolucionários daquela época, porque não a viveram.
Por certo, esta reflexão leva a uma consequência
lógica para o casamento e a família: redescobrir a fraternidade, porque, só será
possível se descobrir livre e igual quando se é irmão. Naturalmente que, além
dos direitos e deveres próprios do estado conjugal, dentre eles o débito
conjugal e a construção de uma íntima comunhão de vida, além do afeto marital,
acrescente-se, também, o da fraternidade entre marido e esposa, que pela
vivência fraternal, se reconhecerão livres e iguais, com fraterno amor. Eis,
pois!
Nenhum comentário:
Postar um comentário