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quinta-feira, 2 de julho de 2015

FRATERNO AMOR...



         A Revolução Francesa, evento histórico da mais alta envergadura e que marcou a história da civilização ocidental até o presente, eclodiu no ano de 1789. A sociedade de então, já sentia, há anos, forte anseio de renovação, partindo de mudanças do estado em que se encontrava. A grande massa da população relegada ao estado de subserviência, desejosa de ver seus direitos em evidência, se contrapunha à burguesia, que mergulhada na estagnação da exploração da classe subserviente, tudo empreendia, na determinação de manter o status quo, ou seja, conservar os privilégios conquistados e adquiridos ao longo dos últimos cerca de dez decênios. A grande massa que a própria Revolução, com seus líderes, nomeara com o designativo de Plebe, assentou seus fundamentos na inigualável e, diria, quase perfeita trilogia: igualdade, liberdade e fraternidade. É verdade que a Revolução Francesa não eclodiu de um dia para o outro como movimento de massa. Diversas circunstâncias foram criando o clima para que emergisse uma revolta popular, que pôs fim ao regime monárquico, autoritário e despótico na França. Sem sombra de dúvida, que trouxe o movimento e a própria revolução trouxeram grandes conquistas para o povo, em que pese a ocorrência de fatos e acontecimentos nada louváveis, que mancharam os ideais revolucionários, que visavam o estabelecimento de um Estado com bases democráticas.
            Além da trilogia igualdade, liberdade e fraternidade, tinha a referida revolução o ideal de restabelecer a família, dando ao casamento seu lugar de destaque, como base e fundamento na própria.
            Ao longo das décadas que se seguiram à revolução, inegavelmente, muito contribuiu para melhora das condições de vida do povo a restauração das bases do casamento e da família. Porém, uma inusitada curiosidade impediu que a revolução completasse seu nobre ideal. Os executores da revolução acabaram por relegar ao segundo plano um dos princípios da trilogia, a fraternidade.
            O que se vê na atualidade, como constatação dos efeitos da Revolução Francesa, foi que, a liberdade e a igualdade, tanto na própria França, como em outras nações, onde se fizeram sentir mais fortemente a influência dos ideais revolucionários iluminista, brigaram entre si e nenhum dos dois princípios conseguiu os avanços que propugnavam, exatamente porque faltou-lhes aquele princípio regulador, a fraternidade, relegando-o ao segundo plano e, em certas circunstâncias, até levando-o ao esquecimento. Esqueceram-se de que a fraternidade é uma condição humana, constitui um ponto de partida, mas também algo a ser conquistado, com o compromisso e a cooperação de todos.
            Obviamente, liberdade, igualdade e fraternidade, influenciaram ou exerceram influxo sobre todas as instituições, de modo geral, com o objetivo dos ideais revolucionários de mudança e renovação dos costumes, inclusive o casamento e a família, mas, com o quase esquecimento da fraternidade, inviável restou conseguir sucesso.
            A fraternidade é algo para ser vivido E só pode ser compreendida se a viver e for vivenciada, e, só não foi compreendida pelos revolucionários daquela época, porque não a viveram.
            Por certo, esta reflexão leva a uma consequência lógica para o casamento e a família: redescobrir a fraternidade, porque, só será possível se descobrir livre e igual quando se é irmão. Naturalmente que, além dos direitos e deveres próprios do estado conjugal, dentre eles o débito conjugal e a construção de uma íntima comunhão de vida, além do afeto marital, acrescente-se, também, o da fraternidade entre marido e esposa, que pela vivência fraternal, se reconhecerão livres e iguais, com fraterno amor. Eis, pois!


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